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terça-feira, 25 de dezembro de 2018

A metamorfose da lagarta em borboleta

"A lagarta abúlica que foi goleada em Munique entrou no casulo durante seis jogos anémicos e apresentou-se ontem qual borboleta belíssima

Como explicar o Benfica de ontem, dinâmico, pressionante, confiante na hora da finalização, com os sectores juntos e a arrasar um SC Braga que tem justificado o estatuto de candidato ao título? A lagarta abúlica que foi goleada em Munique entrou no casulo durante seis jogos de vitórias magras e exibiu-se no palco da Luz frente aos arsenalistas, qual borboleta de estonteante beleza. Poucas vezes se terá visto tão fulgurante passagem do oito ao oitenta, com a mesma táctica e com os mesmos protagonistas. A questão que pode colocar-se é se este Benfica, onde Pizzi foi Pirlo, veio para ficar?
Falemos do 4x3x3 de Rui Vitória, que tanto tenho criticado por não ser conforme à formatação do plantel do Benfica. É evidente que quando se investe em quatro pontas de lança não se pensa que seja para jogar só com um de cada vez. Mas o 4x3x3 não tem mal nenhum, antes pelo contrário, é a táctica que permite mais plasticidade ao longo da partida. Desde que interpretada com a dinâmica certa, algo que até ontem vinha a passar ao lado do Benfica. Com Pizzi e Gedson a aproximarem-se de Jonas, com Zivkovic e Cervi a fortalecerem o jogo interior e com André Almeida e Grimaldo a darem profundidade aos corredores, o 4x3x3 é outra coisa, diferente daquilo que vinha a ser posto em prática pelo Benfica. E se a isto juntarmos um Fejsa que teve 60 minutos de qualidade (depois faltou-lhe fôlego) e uma preocupação em manter a equipa junta, teremos a explicação para a soberba exibição de ontem dos encarnados.
Mas há que perceber o que falhou anteriormente e o que correu bem ontem para, nas diferenças entre uma situação e outra, chegarmos a uma síntese perfeita.
Assentemos no seguinte: o Benfica não foi feliz nem nas compras, nem nas dispensas. E um dia destes o clube deverá dar explicações sobre esse facto. Mas, para já, Janeiro abre a possibilidade de correcção de todos os erros cometidos, por forma a dotar Rui Vitória (que depois de ontem deixou de estar oficialmente ligado à máquina...) de meios para o futebol que deseja desenvolver.
Finalmente, que todos atentem na lição que têm sido os dias desde que Rui Vitória foi substituído por Rui Vitória. E que têm servido para aprendermos que o futebol está a léguas de ser uma ciência exacta, sendo apenas certo e seguro que nunca se deve dizer nunca.
A todos um bom Natal!!!

Ás
Rui Vitória
Foi ao inferno e voltou, ancorou-se na confiança dada por meia dúzia de vitórias anémicas e, na hora da verdade, apresentou uma equipa que, qual Fénix renascida das cinzas, aplicou uma goleada sem apelo nem agravo no fortíssimo SC Braga. Ontem, foi um dia bom para Rui Vitória. Ganhou tempo e espaço para continuar a mostrar serviço.

Ás
Luís Castro
Afinal, não é preciso pôr-se em bicos de pés e gritar que se é o maior para ter sucesso. O treinador do Vitória SC está a fazer em Guimarães o que antes tinha feito no FC Porto B, no Rio Ave e no Chaves: mostrar competência, alicerçando-a numa liderança firme e suave, só ao alcance de uns quantos. Até parece fácil, não é?

Ás
Luís Filipe Vieira
Embora esteja a viver a angústia de ver um colaborador directo de muitos anos sentar-se no banco dos réus, acusado de corrupção no âmbito das funções que desempenhava na Luz, terá sido com satisfação e alívio que viu ser afastada a ida da SAD do Benfica a julgamento. Vitória importante em momento sensível...

O Sporting em Guimarães
Na Cidade Berço ficou a nu a falta de profundidade do plantel dos leões. Perante a ausência de alguns dos pesos-pesados, as segundas linhas ainda deram mais ou menos conta do recado, mas as terceiras escolhas mostraram-se deveras insuficientes. Numa época com várias competições, se o Sporting quiser ter hipóteses, vai ter de apostar forte no mercado de Janeiro. Assim tenha meios para tal. Porque, embora o treinador holandês transmita óptimas sensações, não se crê que faça milagres. Omeletas, ovos, conhecem a história...

A verdade inconveniente escondida...
«Criei amizade com todos os presidentes dos clubes onde trabalhei, menos um. É pessoa que não é normal»
Jorge Jesus, treinador do Al Hilal
Quantas vezes, ao longo da coabitação entre Jorge Jesus e Bruno de Carvalho, foi dada, pela comunicação social, conta do mal-estar entre ambos (para dizer o menos...)? E quantas vezes foram os media acusados de querer desestabilizar? Perdia-lhes a conta! Afinal o que foi dito e escrito só pecou por defeito. E muito mais virá, paulatinamente, a público...

Fizeram-lhe a cama muito bem feita...
O elo mais fraco do trabalho de José Mourinho desde que saiu de Madrid tem sido o relacionamento com o balneário. Se disso houvesse dúvidas, a vitória dos red devils em Cardiff por 5-1 seria argumento mais do que suficiente para convencer os ainda cépticos. Algo que Mou deve ponderar no próximo desafio que abraçar."

José Manuel Delgado, in A Bola

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