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domingo, 28 de outubro de 2018

A eficácia e a identidade

"O domínio sufocante, a falta de equilíbrios defensivos, e por fim, a anarquia táctica

A pressão alta
1. Entrada pressionante do Benfica, obrigando o Belenenses a defender muito próximo da sua baliza. A equipa encarnada a demonstrar que queria chegar cedo ao golo, e para isso contribuiu a pressão alta exercida logo na primeira fase de construção do Belenenses.

Os corredores
2. O Benfica apresentava uma dinâmica colectiva muito forte, com o corredor central muito activo, quer a encurtar espaços sem bola, quer a servir os corredores laterais, corredores esses a funcionar de forma distinta: no esquerdo, Rafa ou Salvio a procurarem espaços interiores para libertar o flanco para Grimaldo; no direito, solicitava-se mais o passe na profundidade, aproveitando o espaço nas costas da linha defensiva do Belenenses.

Os golos
3. Circulação, posse de bola, cantos, penáltis, tudo isto se traduziu em oportunidades, ou seja, 30 minutos de bom nível do Benfica, mas a faltar quem ligasse todo este domínio com as redes adversárias. E depois aparece a eficácia do Belenenses, a levar uma vantagem de dois golos para o intervalo e a obrigar o Benfica a abdicar dos princípios que o levaram ao domínio sufocante nos primeiros 30 minutos.

Os equilíbrios
4. Perante a exibição da primeira parte, uma questão se coloca? O que falhou no Benfica? Parece-me que foram os equilíbrios defensivos, e para validar isso mesmo podemos recorrer a um desses princípios, que nos diz que devemos manter a superioridade numérica, o que se verificou, por exemplo, no segundo golo sofrido, já que, num contra-ataque, o Belenenses conseguiu ficar com quatro contra três, contrariando esse princípio.

A identidade
5. Com as alterações introduzidas, o passar do tempo e a desvantagem de dois golos, deu para perceber três coisas: em primeiro lugar, o Benfica não conseguiu corrigir a questão dos equilíbrios defensivos; em segundo lugar, a ansiedade em querer fazer tudo muito rápido em nada contribuiu para a criação de situações de golo; por último, importa referir a falta de identidade estrutural e automatismos, isto porque para se ganhar uma identidade e automatismos, quer sejam sectoriais ou intersectoriais, é necessário muito tempo de treino e jogos, e na verdade foi a primeira vez que o Benfica jogou com três avançados em simultâneo, e o que gerou alguma anarquia táctica."

Armando Evangelista, in A Bola

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