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sábado, 30 de junho de 2018

Nações Unidas

"Na segunda-feira que passou, cheguei uma hora antes à zona do mercado de Arroios, em Lisboa. Uma hora antes do jogo de Portugal com o Irão. No restaurante nepalês, além dos funcionários oriundos dos Himalaias, havia um grupo de homens de meia e toda a idade sentados à mesa. Vibravam copos de tinto e de branco para ajudar a atenuar o calor e a nervoseira. Entre a esplanada e o balcão circulava um benfiquista com camisola oficial preta e um requintado bigode, quase monárquico na aparência - o bigode, entenda-se. Nas mesas e junto ao balcão, estava vários representantes e descendentes de famílias dos países africanos de língua oficial portuguesa (um grande abraço, caro sócio), um senegalês, uma senhora alemã, uns quantos portugueses. Já com o jogo do Campeonato do Mundo a acontecer lá longe da Rússia, chegaram dois indianos com a camisola da selecção vestida. As cervejas frescas e os copos cheios de vinho multiplicavam-se, só os golos não. Até que Ricardo Quaresma fez aquele passe de magia. E as nacionalidades misturaram-se todas num grito desfasado que foi saindo dos vários cafés, restaurantes e casas das proximidades. A culpa é do delay das transmissões e daquela mania que algumas pessoas têm de ouvir o relato no rádio enquanto veem as imagens pela televisão.
'Joga mais rápido' e 'Passa a bola' foram algumas das frases mais gritadas durante a segunda parte. Não adiantou. Os iranianos acabaram por empatar. Houve quem preferisse a Rússia, mas calhou o Uruguai. E nestes estádios da Luz improvisados um pouco por todo o país, amanhã a história vai repetir-se. A uma só voz e com vários sotaques."

Ricardo Santos, in O Benfica

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