"O mito de um desporto iluminado pela ética das elites greco-romanas (provavelmente uma aldrabice milenar), simbolizada pelo aforismo "mente sã em corpo são", atribuído ao poeta romano Juvenal, morreu quando eu tinha 6 anos.
Nessa época, em 1969, um dos atletas-heróis da minha infância, o ciclista do Sporting Joaquim Agostinho, foi desclassificado da sua primeira vitória na Volta a Portugal em Bicicleta por doping. Ele negou a acusação, garantiu que na etapa final, após a qual lhe fizeram as análises incriminatórias, apenas tinha bebido um Sumol e que alguém o tramara.
Eu, que ainda não conhecia gigantes com pés de barro, acreditava no Agostinho, mas estava perplexo: "Fosse como fosse", percebi na minha mente ainda inocente e depois de pacientes explicações do meu pai, "no desporto pode fazer-se batota... Uau!"
Descobri, aos 22 anos, que o futebol podia matar: no estádio belga de Heysel, antes de uma final para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, adeptos da Juventus e do Liverpool atiraram-se, numa fúria tribal, à batalha sangrenta. Trinta e nove pessoas acabaram ali a história das suas vidas. Os compromissos comerciais não permitiram o luto, o choro, o protesto: o jogo, pouco depois da matança, decorreu nos 90 minutos regulamentares, transmitido nas televisões de todo o mundo e comentado pelos locutores habituais, especialistas no 4-4-2.
O lema "O mais importante não é ganhar mas participar", adoptado por Pierre de Coubertin para promover o revivalismo moderno dos Jogos Olímpicos da Antiguidade, passou ao podium das hipocrisias do século XX em 1988, tinha eu 25 anos: nesse ano bissexto o Comité Olímpico Internacional admitiu a falsidade do amadorismo propalado por boa parte dos competidores e começou a aceitar atletas profissionais em algumas provas.
O desporto de competição em geral, o futebol em particular, que tantas emoções me deram na infância, na adolescência, nos meus primeiros anos de adulto, deixaram de me interessar: "Adorar mentes perturbadas em corpos manipulados; celebrar vitórias conquistadas com batota e desprezar a vida humana por um punhado de dinheiro são as verdadeiras regras que dominam o desporto. É, quase sempre, uma fraude. Não quero isto na minha vida", concluí.
Só a profissão de jornalista me obrigou a acompanhar as notícias do desporto e a constatar como, lamentavelmente, quase ninguém se importa em ser, todos os dias, enganado; quase ninguém se importa em ser instrumento e alimento da besta que domina a fraude... Tenho, às vezes, uma recaída em alguns jogos da selecção, mas recupero depressa.
Quando vejo uma multidão de gente a acusar Bruno de Carvalho de ser o autor moral do ataque de adeptos sportinguistas a atletas e treinadores do clube, relacionando a violência física com a escalada da violência verbal usada pelo presidente do Sporting, pergunto-me: estes acusadores todos não estão a colocar-se, involuntariamente, também, no banco dos réus?
Os nossos queridos intelectuais, colunistas, escritores, humoristas, académicos, jornalistas, políticos e economistas, anos e anos a fio, tecem loas, escrevem poesia, papagueiam filosofia acerca do primado da emoção sobre a racionalidade no ludopédio, acerca do direito ao insulto contra a civilidade no estádio, acerca da sociologia de excepção do jogo da bola, acerca do estatuto especial do futebol face, até, à lei. Para estes cérebros, para estes líderes de opinião, a paixão pelo clube permite tudo... sim, tudo!
Não são eles, também, à luz dos seus próprios critérios, responsáveis morais pela recente escalada de violência?
Não são eles, que mendigam bilhetes para jogos, que viajam a convite das equipas, que se fotografam ao lado dos presidentes dos clubes, que argumentam imbecilidades em defesa dos brutos da sua cor, que vão à televisão participar em peixeiradas boçais, que escrevem nos jornais colunas sectárias, que convocam homenagens a putativos criminosos, que assinam apoios, que garantem votos, que alimentam a promiscuidade do negócio futebolístico com a vida política, que recusam pôr na ordem jurídica da sociedade a maioria dos crimes do desporto, não são eles, todos, cúmplices de Bruno de Carvalho? E de Luís Filipe Vieira? E de Pinto da Costa? E de muitos outros?
Não são os nossos mais respeitáveis líderes, por acção ou omissão, culpados pelo estado a que chegou o futebol?... Não sejam hipócritas."
PS: Esta necessidade de meter tudo no mesmo saco é exasperante...!!!
A intenção é mesmo essa, meter todos no mesmo saco! Para desculpar os verdadeiros criminosos!
ResponderEliminarEu ainda estou para ler ou ver alguma inciativa de parte do Vieira a incitar ao ódio. Não existe!! Apesar de terem tido acesso a 50Gigas de emails! É isso que os desespera!
Mas não fica por aqui a discussão da vulgaridade. Façamos uma retrospectiva dos acontecimentos que fizeram a polémica e o escândalo:
ResponderEliminarO presidente dos lagartos foi hipocritamente oportunista, excedeu-se de forma inaceitável, caiu no ridículo com a exigência de um pedido público de desculpas, empolou e dramatizou a situação para tentar disfarçar a sua inépcia na persecução do objetivo que e ficar impune no poder ,o resto são larachas e bla blá para a lavandaria verde branquear a corrupção e a batota no clube ..
ResponderEliminarforam atingidos de forma justa pela vulgaridade rafeira do Senhor Visconde verde e batoteiro .
ResponderEliminarAo sr Tadeu qual virgem ofendida um anjo no céu e um trafulha na terra...[ Faz o que eu digo mas não faças o que eu faço] estes lixo de troca tintas da escrita e assim .... doi não doi gelo muito gelo ..
ResponderEliminar[ Faz o que eu digo mas não faças o que eu faço]
Mais um a branquear...
ResponderEliminarSe generalizarmos a classe a que ele pertence, chegamos à conclusão que o jornalismo é uma mentira?...
ResponderEliminarAo contrário do que quis fazer crer a verde-azul Comunicação Social, nesta "patetada e trapalhada", não foi o Benfica quem pior ficou na fotografia ... muito menos o seu Presidente ... inquestionavelmente!
ResponderEliminarOs verdes(-azuis) têm a mania que são todos viscondes, mas no modo como tratam o Benfica, a maioria deles não são vulgares, nem rudes, são mesmo rafeiros!
ResponderEliminarA julgar pelo rumo que as coisas ultimamente têm levado, os verdes além do património vão também vender a dignidade, vão acabar por fazer um acordo para as eleições na Liga com o mafioso-mor do futebol português.
ResponderEliminarDepois da dignidade, não lhes restará nada, absolutamente nada
Os verdes estão a pôr-se mesmo a jeito para serem usados e depois descartados!
ResponderEliminarEu estou-me absolutamente borrifando para os verdes, o que me preocupa é o rombo que a credibilidade do futebol português pode sofrer com estes golpes palacianos!
Seria um enorme retrocesso!
Na década de 30 do sec XX, a Alemanha era a Nação mais desenvolvida e poderosa do planeta, o povo Alemão era o mais culto do Mundo.
ResponderEliminarComo conseguiu Hitler enganar os Alemães e levá-los para uma guerra sanguinária, suja e sem retorno?
Através da poderosíssima Maquina de Propaganda Nazi, liderada pelo maquiavélico Goebbels! ..
O que espera o Benfica para avançar com um aqueixa crime contra quem quer que seja que invoque o nome da instituição OU do seu presidente com falsidades difamações denegrindo a sua imagem alguns em prol de negocio para vender jornais e não só ....
Forçaaaaaaaaaaaaaa Benficaaaaaaaaaaaaaa