" «Com a aposta na formação, o Benfica pode sonhar voltar a ser campeão europeu»
Luís Filipe Vieira, Novembro de 2017
Quando mais confiou no Seixal, o Benfica perdeu o campeonato, as taças de Portugal e da Liga e protagonizou passagem indigna pela Champions. Significará que o projecto de formação falha? Em parte. Do Benfica saíram, entre outros e rendendo acima dos 250 milhões, André Gomes, Renato Sanches, Bernardo Silva, Ederson, Nélson Semedo, Lindelof, Cancelo, André Horta e Gonçalo Guedes. Este ano (mais fraquinho) estavam Varela, Rúben Dias, Diogo Gonçalves, João Carvalho. O problema do Benfica é a incapacidade para preservar ciclos de formação, para a qual não há, nem parece vir a haver, dinheiro.
Consideremos campeões europeus alicerçados nas escolas. No United de 1999 estavam três períodos da academia: Giggs (nascido em 1973) e Scholes (1974); depois Beckham (1975), Butt (1975) e Gary Neville (1975); Phil Neville (1977), o menos cotado Wes Brown (1979) e nomes esquecíveis e quase inutilizados, sim, mas que integravam o grupo e vinham da formação, como Clegg (1977), Curtis (1978) ou Mulrybe (1978). Não era só a prodigiosa Class of 92... Antes, aliás, sucedera no Ajax europeu de 1995 algo semelhante: Frank e Ronald de Boer (ambos de 1970); havia caso singular de Rikkaard, de 1972; Reiziger e Davids (1973); no final Seedforf, Kanu e Kluivert (1976). Mais recentemente, no Barça de 2011: Puyol (1978), Xavi (1980), Valdés (1982) e Iniesta (1984); depois Messi, Piqué, Pedro (1987) - ainda o não campeão europeu Fábregas, mas da fornada de 1987 - e já um terceiro momento com Jeffrén (1988), Busquetes (1989), Bojan (1990), Bartra, Thiago (1991) e Sergi Roberto (1992).
Para contrabalançar orçamentos, formar pode ser bastante; em todo o caso, para criar equipa destacada parece necessário aproveitar três ciclos. Mesmo os modelos aperfeiçoados não educaram 11 bons num ano. Nem 8. Nem 5. Já com meritório aproveitamento, 2 ou 3."
Miguel Cardaso Pereira, in A Bola
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