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terça-feira, 6 de março de 2018

Uma Liga ao espelho

"É um facto que o Sporting ainda pode acabar bem a época, se, como é possível apesar de difícil, juntar a Taça de Portugal à Taça da Liga, e principalmente se fosse capaz de ganhar a Liga Europa. Com os três troféus na montra estaríamos até em presença de uma das melhores épocas de sempre dos leões, que vencer uma prova europeia é ainda mais raro que ganhar um campeonato e ao Sporting não sucede desde 1964. Acontece que esse cenário radioso não parece fácil de conjugar e esta foi a semana em que o Sporting disse adeus a mais uma hipótese de ganhar a prova em que mais aposta, o campeonato. Ou seja, à terceira época em Alvalade, Jorge Jesus, a despeito do investimento feito, volta a falhar o principal objectivo. Claro que a equipa há-de sentir a convulsão permanente em que o clube vive e sobretudo as lesões de jogadores nucleares (embora, no caso do clássico, o FC Porto também as tivesse), mas nada ilude o facto de ter deixado de ser candidato a dez jornadas do fim. E o discurso do técnico leonino após o jogo no Dragão pareceu surgir de uma realidade alternativa, que não faz muito sentido falar em "alegria pela exibição" (melhor que o esperado, porque não se esperava muito) ou no ganho (subjectivo) de "um jogador" na hora do adeus ao título. E depois do que o Sporting jogou – e pontuou – no primeiro ano de Jesus nem se pode sequer dizer que a evolução esteja a ser positiva.
Sérgio Conceição é a principal figura do campeonato até agora e abriu frente ao Sporting uma via verde para o título, mesmo se a exibição foi a menos conseguida em jogos desta dimensão e se a intenção de segurar a vantagem, após a lesão de Marega, ia saindo cara. No entanto, para quem começou sem reforços e com expectativas baixas, após vários anos de frustração no clube, estar hoje com 8 pontos de avanço sobre o Sporting e 5 sobre o Benfica é obra. O campeonato não está ganho para os portistas - normalmente terá sentença ditada no clássico da Luz, quando se olharem nos olhos os candidatos que restam - mas o FC Porto colocou-se em posição invejável, superando a desconfiança inicial, alguns resultados traumáticos (como a goleada frente ao Liverpool), a sobrecarga de jogos, e por fim as lesões que surgiram tarde mas se multiplicam nos últimos tempos. Nada resiste tão bem a tudo isso como uma ideia de jogo bem definida e bem treinada. Pode discutir-se o estilo e algumas opções individuais, mas já não há dúvidas sobre a qualidade do trabalho e a eficácia, que a nível interno tem sido mesmo exuberante.
O Benfica há-de estar a lamentar os pontos perdidos no Restelo - os únicos que não somou nas últimas nove partidas da Liga e que o deixariam a depender só de si nesta altura -, naquele dia em que Jonas emendou de livre o que comprometeu de penálti. Mesmo assim, Jonas é o último jogador que as águias podem lamentar, que não houve outro avançado como ele no clube em muitas décadas. A qualidade do brasileiro a finalizar é absurda e desmente a cada semana tanto o avanço na idade como a ideia feita durante anos de que não viveria sozinho na grande área. Aliás, quantos benfiquistas se lembram hoje de Mitroglou, visto como explicação óbvia (mas errada) para o menor rendimento em determinada fase da época? O rendimento da equipa melhorou com a alteração de sistema mas sobretudo com a adição de talento, desde o regresso de Grimaldo à inclusão (claramente tardia) de Krovinovic, primeiro, e Zivkovic, depois. Rafa é apenas o último caso de esquecimento estranho, a substituir com ganho - por decidir melhor e ser mais associativo - um até agora "indispensável" Salvio.
Globalmente, a classificação transparece a realidade, com o FC Porto mais forte e regular na frente, o Benfica em crescendo e o Sporting em perda a ver aproximar-se um SC Braga cada vez mais competente. Rio Ave e GD Chaves, como os melhores projectos de jogo abaixo do quarto lugar, estão nos lugares que merecem e que já foram de Marítimo e Vitória de Guimarães, hoje a passar pelas dificuldades que várias exibições frouxas deixavam adivinhar. A maior competitividade surge apenas na fuga à descida, com 3 pontos a separarem o 13.º do último lugar. Para quem quiser perceber, a forma como as equipas jogam explica quase tudo, mas já sabemos que em Portugal é sempre mais fácil ir pelas teorias da conspiração que protegem a incompetência e alimentam a cegueira."

1 comentário:

  1. Engracado este gago...quando nos 2 ultimos anos o benfica foi CAMPEAO, digo TETRACAMPEAO, nunca lhe reconheceu o merito da superioridade mesmo tendo tido jogadores fundamentais lesionados como o Jonas, o Fejsa, Salvio, etc.
    Agora vem com esta conversa sobre o fcp. E esta "baixeza" de pseudo sabedores que me da noojo!!!!!

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