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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Uns no campo, outros na praia

"Na primeira (parte), pela equipa caseira, jogou o Estoril que ganhava por 1-0. Na segunda, jogou o Praia que perdeu por 0-3.

Benfica sempre a melhorar
Grande jogo do campeonato em Paços de Ferreira. Emoção, luta intensa, incerteza no resultado, mudanças tácticas, boas exibições individuais e dois colectivos cada qual com o seu propósito, mas ambos incisivos. Depois de meia-hora de um Benfica cinzento e um Paços atrevido, a última ora da partida só deu Benfica. Sobretudo, uma segunda parte fulgurante de querer, insistir e resolver. Ou citando José Manuel Delgado em A Bola, «espírito de conjunto, primado do colectivo e uma fé de grupo que move montanhas». Escrevi a semana passada que os jogos mais difíceis até ao fim são os que se irão jogar com as equipas em risco de despromoção. Este jogo veio evidenciá-lo meridianamente.
Desta vez - e para desgosto de falta de matéria-prima - não houve casos flagrantes para discussão arbitral. Ainda bem. O Benfica continua a não depender de si próprio para ser pentacampeão e as jornadas vão diminuindo, mas mantém-se focado nesse objectivo jogando agora claramente melhor do que há meses. Ao fim de 24 jornadas, o Benfica tem apenas um ponto a menos do que no tetracampeonato, apesar de, objectivamente, ter uma equipa menos forte do que então. Curioso é ver o desempenho ao longo das jornadas: no primeiro terço: 5V, 1D (Boavista), 2E (Rio Ave e Marítimo), 7 pontos perdidos (29%), 16-6 em golos; no segundo terço, 6V, 0D, 2E (Porto e Sporting), 4 pontos desperdiçados (17%), 22-5 no score global; finalmente, no último terço: 7V, 0D, 1E (Belenenses), 2 pontos perdidos (8%), 24-5 em golos.
Neste jogo, provou-se a importância de dois suplentes que considero bons jogadores: Raúl Jiménez e Haris Seferovic. Percebe-se que, no actual modelo de jogo de Rui Vitória e tendo em conta a imprescindibilidade do notável jogador que é Jonas, não tenham tantas oportunidades como seria justo. Mas Jiménez dá velocidade e capacidade de luta ao ataque e o suíço evidencia um aspecto que eu muito aprecio: a simplicidade de processos. A assistência para o golo decisivo de Jonas é disso um bom exemplo.
Um apontamento ainda para Rafa. Lá está, não há nada como jogar com regularidade. É assim que Cervi se vem impondo, que Zivkovic vem evidenciando que é um craque e que agora Rafa já mostra mais confiança a juntar à classe que ele tem dentro de si. Fez um belíssimo jogo e bem mereceu, finalmente, em termos de golos passar do quase para o finalmente.
A propósito de Jonas, um jovem de 33 anos e, na minha opinião, o jogador mais completo do campeonato, pena tenho que, por causa do menor ranking dos clubes portugueses na Europa, não tenha plenas condições para se sagrar 'Bota de Ouro'. Os golos em Portugal passaram a ter um coeficiente de 1,5 em vez de 2, pelo que os 27 golos marcados por Jonas em 24 jornadas - bem à frente dos goleadores nos principais campeonatos - valem 40,5 em vez de 54 pontos.

O penálti
Ainda a propósito de Jonas, surpreendentemente, veio a falhar, na penúltima jornada, o terceiro penálti dos últimos quatro assinalados (Rio Ave, na Taça; Belenenses e Boavista). Mesmo assim, a sua conta é altamente positiva e espero que continue a marcá-los. Estes falhanços (todos, defesas dos guarda-redes) lembraram-me um texto que na minha anterior coluna em A Bola ('Pontapé de Saída') escrevi, já lá vão 4 anos e que intitulei «A estatística de penalidade». Permito-me aqui voltar a esse texto, precisamente por causa de Jonas.
Uma baliza mede 7,32 m por 2,44 m. Ou seja, a largura é o triplo da altura. Segundo um estudo  do site Globoesporte, dividindo o espaço em 9 áreas iguais, verificamos que o lado direito da baliza é o preferido dos chutos. Nada menos que 46,3%. Por outro lado, se dividirmos o espaço da baliza em três zonas de baixo para cima, o terço junto da relva abrange 45,1% dos remates, e o terço mais alto até à barra é alcançado por 22,9% dos tiros. em resumo, as preferências são assim ordenadas:
4.º  -  7.º  -  9.º
3.º  -  6.º  -  5.º
1.º  -  8.º  -  2.º

Sobre a eficácia na marcação dos penáltis, todos os remates para o terço superior do lado esquerdo são infalíveis, mas só 4,6% por lá passam, a parte directa da baliza no terço a partir da relva é onde se concentram mais tentativas (21%), mas a mais falível, onde só 2 em cada 3 remates entram. Em esquema:

4.º  -  8.º  -  1.º
2.º  -  6.º  -  7.º
9.º  -  5.º  -  3.º

Parece haver, pois, uma interessante correlação entre grau de dificuldade/escolha/eficácia.
É claro que esta estatística não considera os remates tipo rêguebi, ou para os postes ou que saem ao lado. Nem nada nos diz sobre a potência do remate. Ou quando o guarda-redes se mexe ou adianta irregularmente. Nem sobre se o marcador é destro ou canhoto. Nem sobre as paradinhas.
Ora, voltando a Jonas, os três penáltis falhados foram junto à relva e dois deles para o canto inferior direito que é, precisamente, onde se falha mais.
Cá para mim, o chuto deve ser sempre:
a) forte;
b) a meia-altura.
Mesmo que o guarda-redes adivinhe o lado chega sempre depois de a bola entrar.

Estoril na praia
No jogo Estoril Praia - FC Porto houve duas partes abusivamente separadas por largas semanas. Na primeira, pela equipa caseira, jogou o Estoril que ganhava por 1-0. Na segunda, jogou o Praia que perdeu por 0-3. Como se isso não bastasse e para que tudo ficasse mais de acordo com o desejado nos primeiros minutos, o VAR resolveu validar um golo absolutamente ilegal aos portistas.
Quanto ao primeiro aspecto, não sei que benzodiazepina tomaram os jogadores do Praia. Sonolentos, apáticos, só lhes faltou a toalha de banho. Nunca vi coisa igual. Aliás, foi de tal modo escandaloso que o técnico estorilista Ivo Vieira não se coibiu de, publicamente, criticar asperamente a sua equipa. Diz-se que o Porto foi fulgurante nesta segunda metade da partida. Pudera, jogou sozinho... Aliás, o Porto ainda que estando a jogar bem, já se está a habituar a enormes dificuldades face aos seus opositores. Veja-se o caso dos amigáveis Rio Ave e Chaves e do parceiro Portimonense...
Quanto ao segundo ponto, o VAR foi nada mais nada menos do que o advogado Luís Ferreira, que às vezes confundo com Fábio Veríssimo na estampa e nos tiques. Para memória futura: Luís Ferreira também foi o VAR no Porto - Belenenses num jogo em que, por coincidência se juntou o VAR Ferreira e o árbitro Veríssimo (lembram-se de dois penáltis descarados perdoados ao Porto quando havia 0-0?) e foi o árbitro que esteve na origem dos golos do Boavista quando na época passada os axadrezados chegaram num ápice aos três golos. Se juntarmos João Capela (ora poliglota entendendo a língua de Camões com a língua de Cervantes no seu mentiroso relatório do interminável Tondela - SCP), assim se forma o actual grande trio internacional da arbitragem portuguesa.

Contraluz
- Certeza: João Félix
Trata-se de um jogador com larguíssimo futuro. Ainda júnior, embora actuando muitas vezes já no Benfica B, o meu homónimo de apelido marcou dois golos soberbos na vitória fora de casa contra o FC Porto qe garantiram a vitória neste jogo da fase final para apurar o campeão nacional sub-19.
- Imprevisibilidade: Taça de Inglaterra
O quase imbatível e multimilionário Manchester City de Pepe Guardiola, foi eliminado da competição por um clube da terceira divisão inglesa, o Wigan. Na Inglaterra qualquer jogo é emocionante e de desfecho não assegurado, já o mesmo acontecera ao Arsenal ao ser superado pelo Nottingham Forest, do 2.º escalão.
-Acontecimento: Olimpíadas de Inverno
Acabaram estes jogos realizados na Coreia do Sul que pude acompanhar pela Eurosport e pelos excelentes resumos da RTP2. Menos afamados que os de Verão, não deixam de ser uma realização belíssima e de grande qualidade competitiva.
- Acordo: Entre SLB e Jorge Jesus
Um fim do litígio inteligente e oportuno entre o tetracampeão Benfica e o bicampeão Jesus."

Bagão Félix, in A Bola

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