"Tendo abordado as "loucuras" cometidas no mercado de transferências e os perigos que o actual sistema comporta para o futuro da modalidade, destaco os investimentos no futebol e a repartição entre os seus intervenientes, geradora de lutas desiguais entre aqueles que competem por títulos e os que competem pela sobrevivência económica e desportiva.
É sabido que o desporto, enquanto sector de actividade, não pode subsistir sem equilíbrios traduzidos na imprevisibilidade nos resultados, pelo que os agentes desportivos têm uma responsabilidade acrescida na gestão que realizam. Em Portugal, o ambiente está longe de ser propício a uma reflexão sobre medidas que reforcem a igualdade entre os competidores.
Além disso, a indústria promove o jogador de futebol como um produto, prosperando o individualismo e agudizando as diferenças entre os rendimentos auferidos.
Remando contra a maré, no campo da responsabilidade social os jogadores com maior capacidade financeira têm revelado consciência da posição que ocupam e vontade de fazer a diferença. São inúmeros os casos de solidariedade de jogadores portugueses, que enobrecem a classe e o país, mas recentemente mereceu destaque a iniciativa do espanhol Juan Mata, que doará 1% do salário a causas sociais, seguida por Mats Hummels, com o intuito de mobilizar toda a classe.
A solidariedade e o apoio a causas sociais são um dos grandes benefícios trazidos pelo sucesso da modalidade, mas é preciso fazer mais na relação entre os pares. Mecanismos que garantam o cumprimento das condições contratuais, a protecção no desemprego e na doença ou sustentabilidade no pós-carreira, são desejáveis e possíveis através de um esforço conjunto. É preciso fazer muito mais nesta matéria.
Devemos pensar o futuro da modalidade e a sustentabilidade do jogo, como um dever de todos os agentes envolvidos no fenómeno."
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