"Não sou, nunca foi, nem nunca serei treinador de futebol, mas sempre tive uma certa dificuldade em entender estas pré-épocas de equipas que raramente treinam como se jogassem futebol a sério. Às vezes, até parece que o objectivo é mesmo o de provar como não vai ser, de mostrar o contrário do que será, de fazer uma aposta no erro, para garantir que se está preparado para o não repetir.
Parafraseando Jorge Jesus, embora noutra temática, a verdade é que estes joguinhos de preparação são uma treta. Podem ter troféus para atribuir, podem ter honrarias para oferecer, não deixam de ser uma treta sem grande utilidade competitiva.
Admito que sejam importantes para os treinadores que, muito acima das capacidades técnicas do comum dos mortais, são sempre capazes de vislumbrar a agulha no palheiro. Só não sei para que lhes servirá a agulha. Mas eles certamente saberão.
Tenho acompanhado jogos dos candidatos ao título. Do Benfica, do Sporting, do FC Porto. Há sinais interessantes, tal como também há sintomas preocupantes. Há indicações entusiasmantes, tal como há verificações angustiantes. No fim, os treinadores aparecem sempre contentes, dizem que o processo de evolução está a decorrer conforme o previsto e todos ficam de consciência tranquila, porque só mesmo quando entra é que vão ter necessidade de justificar alguma coisa.
Talvez esteja ultrapassada a ideia de que um profissional deve treinar-se como joga. O mesmo rigor, a mesma intensidade, a mesma exigência. Se calhar, hoje, é um disparate..."
Vítor Serpa, in A Bola
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