"Rodrigo, ao cair do pano, arrancou o primeiro triunfo da história do Benfica em Bruxelas. Cavani, em Paris, tirou o tapete ao Olympiacos. Da conjugação destes dois factos ficou em suspenso o voo das águias na Liga dos Campeões, para uma última jornada em que a equipa portuguesa parte em desvantagem em relação à grega. Pode parecer pouco, mas se nos recordarmos que meia dúzia de minutos antes o clube da Luz "já estava" na Liga Europa, o mínimo que se pode dizer é que vingou o mal menor. Resta saber se este balão de oxigénio ainda vai servir para alguma coisa.
O dado primordial a reter é que o Benfica acabou por cumprir o único objectivo que lhe restava : ganhar ao Anderlecht, fazer o que toda a concorrência fizera em Bruxelas. A grande diferença é que enquanto PSG e Olympiacos passearam na Bélgica, os encarnados passaram por vários momentos de aflição, boa parte deles - quase todos - mais por responsabilidade própria do que pela capacidade belga.
Jesus voltou a integrar Fejsa, numa solução que encerra alguns prós mas vários contras. O médio cumpre a sua tarefa, é certo, mas não se pode esperar que saia do seu raio de acção. Ou seja, com Matic à frente e Enzo atirado para a direita, foram inúmeras as ocasiões em que o vazio na zona central do terreno se tornou uma evidência, algo que o Anderlecht agradeceu. Depois, tentar que Lima e Markovic, conjugados, sejam capazes de colmatar a ausência de Cardozo é, porventura, pedir demais.
Repare-se que, durante toda a primeira parte, o Benfica aproveitou (honra lhe seja feita) a única verdadeira oportunidade para concretizar, obra de Enzo e Matic num lance de bola parada. Quando já estava a perder, acrescente-se. Houve, claramente, um défice de ligação entre o meio campo e o ataque.
A segunda metade começou praticamente com o fantástico trabalho de Gaitan, que Mbemba "transformaria" no 2-1 para o Benfica. Pensou-se, agora sim, com o resultado virado, aí está a oportunidade de ouro das águias para explorarem uma eventual subida dos belgas que, certamente, não iriam abdicar tão cedo. Certa uma coisa, errada a outra. O Anderlecht quis mesmo responder, mas o Benfica não aproveitou devidamente os espaços. Pelo contrário, instalou-se a ideia de que a vantagem era gerível, um pouco a aplicação do conceito "antes-um-pássaro-na-mão", pelo que os encarnados deixaram correr o jogo durante uns largos 20 minutos sem que nada de palpável se visse.
Jorge Jesus terá percebido que aquele comportamento tinha riscos. Troca Gaitan por Sulejmani, mas já não foi a tempo de impedir que Bruno aproveitasse um falhanço coletivo da defensiva encarnada. É o problema de querer controlar o jogo "à distância" : só corre bem se não se cometer uma falha que seja. Como se isto não bastasse, o Olympiacos empatara em Paris e o cenário era o pior possível, pois com os dois empates a história encerraria já esta noite.
Logo a seguir a Luisão falhar um golo "feito" e a Mitrovic responder na mesma moeda, com o jogo a ameaçar partir a qualquer altura, Jesus manda Rodrigo para o relvado. No momento da decisão, na última hipótese do encontro, naquela em que não se podia hesitar, Rodrigo colocou o ponto final e ditou o vencedor. Com direito a bónus em Paris. Jesus pôde, finalmente, respirar fundo.
A questão, agora, é o que fazer com o adiamento da possível qualificação para a última jornada. Em boa verdade, não há muito que pensar. O Benfica terá sempre de fazer melhor resultado frente ao PSG do que o Olympiacos perante o Anderlecht. Que é uma outra forma de dizer que, mesmo que os portugueses sejam fantásticos na Luz, estão sempre dependentes dos gregos serem péssimos em Atenas. No fundo, vai dar ao mesmo : os duelos com o Olympiacos é que foram a chave."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!