"Desconfio da isenção da justiça portuguesa e não confio nos órgãos que tutelam a justiça desportiva. Sempre que a justiça julga, a justiça é julgada. O julgamento que a opinião pública faz da justiça desportiva é mau, é péssimo.
Quando há agentes desportivos (dirigentes, árbitros, futebolistas…) que fazem do atropelo à verdade uma prática corrente e louvada, a responsabilidade é de uma justiça permissiva, conivente e que se esconde em emaranhados legais para, envergonhadamente, continuar a permitir a prática do crime. Deste modo, a permissividade acaba por ser um incentivo.
Desconfio e não confio nos próprios órgãos de tutela política. Chega a ser indecoroso ver o beija-mão a que o poder político se sujeita perante agentes desportivos de conduta aparentemente duvidosa e realmente criminosa. Pior do que os actos públicos de lavagem da imagem é a tentativa de, com o passar do tempo, conduzir gente espúria aos altares das capelinhas. Lavando a imagem na barra do tribunal, fazem um estranho percurso entre o lupanar e o altar. E lá vão ficando, ora um ora outro, os “santos de ocasião” com pés de barro e mãos sujas, colocados no altar por diligentes e temerosos fiéis que escarram na coisa pública que juraram defender.
E assim, na perpétua beatificação da atitude criminosa, vamos observando atónitos à multiplicação de actos criminosos no futebol português. Para que o descrédito seja completo, só falta o dia em que se crie um Tribunal Arbitral do Desporto em Portugal com juízes escolhidos e indicados pelos mesmos que serão julgados."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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