"Não seria sequer justo comparar a piscina de talento disponível há dois anos com aquela possível de utilizar agora. Era simplesmente outra geração, uma geração impressionante. Em 2021, Portugal chegou à final do Euro sub-21 com gente como Diogo Costa, Diogo Dalot e Vitinha. Rafael Leão e Gonçalo Ramos nem sequer foram titulares. Na hora da verdade, Portugal caiu, mas há uns quantos jogos emblemáticos nessa caminhada. Em 2023, todos esses futebolistas já se impuseram na seleção principal e, em termos de projeto, faria pouco sentido, os que podiam, como Vitinha ou Gonçalo, voltarem a um Europeu sub-21. Nesse particular, pouco haverá a apontar a Rui Jorge.
Mas, se o projeto conta, tem de contar para tudo.
De Portugal, do jogador português, espera-se qualidade técnica, vontade de assumir o jogo, talento. Não chega para ganhar jogos e torneios, sabemos bem, mas é um bom cartão de visita. Na hora de formar um atleta, talvez seja o mais importante. E neste Euro sub-21, a seleção nacional pareceu sempre algures perdida a meio caminho. Na estreia com a Geórgia, tentou ser essa equipa com bola, mas foi estéril e sofreu atrás, com erros pouco condizentes com a qualidade dos jogadores. Com os Países Baixos, assumiu a postura de equipa expectante, que tanto desagrada ao adepto português, por não estar nos nossos genes futebolísticos. Com a Bélgica, alguns dos melhores ficaram de fora (vide André Almeida) e outros foram vítimas de um sistema (Fábio Silva ou Pedro Neto) de olho em contra-ataques, nas bolas longas e correria e não num inequívoco assumir do jogo. Só um milagre tardio e azares de terceiros nos colocaram nos quartos de final.
Depois da ideia falhar com a Geórgia, foi-se atrás de outra. E de outra. Como tão bem disse o nosso Hugo Tavares da Silva, Portugal “foi tudo e o seu oposto” com a ânsia de sobreviver, para depois cair ingloriamente com os ingleses, uma potência do futebol jovem, em que 45 minutos de qualidade, 45 minutos daquilo que a seleção nacional devia e tinha condições para apresentar sempre, não chegaram, quase como um castigo pela forma amorfa, apática e ao sabor do vento com que Portugal passou pela fase de grupos.
Mais do que falhar a presença nuns Jogos Olímpicos (para quê, se depois enviamos Pités e Paulos Henriques, com todo o respeito pelos jogadores, que não têm culpa nenhuma), mais penoso, palavra que Rui Jorge utilizou para falar da 1.ª parte de Portugal com a Inglaterra, é perceber isto: o que tirámos desta participação no Europeu? Uma ideia de jogo reforçada e que nos distingue? Um novo craque revelado? Um resultado? Provavelmente nenhuma das três. E mais ainda em campeonatos jovens, algo tem de se retirar, quanto mais não seja uma identidade, algo a que o nosso futebol se possa agarrar para o futuro, ou então pouco ou nada estaremos lá a fazer.
Na hora de avaliar o desempenho de Portugal neste Europeu, o futebol descaracterizado, pouco empolgante, ao qual se juntou a falta de resultados, não podem ser esquecidos. Porque se é para cair, ao menos que seja agarrados aos nossos princípios.
O QUE SE PASSOU
Com 16 medalhas, Portugal ultrapassou em Cracóvia as 15 conseguidas há quatro anos nos Jogos Europeus - é a melhor participação de sempre na competição.
Num GP Áustria em que o protagonista principal foram as penalizações, Max Verstappen, para não variar, não deu hipóteses a ninguém.
A Volta a França já começou e logo com Pogacar e Vingegaard em marcação cerrada nas primeira etapas.
Alexandrina Cruz venceu as eleições no Rio Ave e é já oficialmente a primeira mulher presidente de um clube de futebol profissional em Portugal."
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