"Na perspetiva de Augusto Cury (2012), “há dois tipos de sabedoria: a inferior e a superior”. No primeiro caso, “é medida por quanto uma pessoa sabe”. No segundo caso, “a superior, pela consciência que ela tem do que não sabe. Os verdadeiros sábios são os mais convictos da sua ignorância”. Adianta ainda que “a arrogância é um atentado contra a lucidez e a inteligência” (p. 15).
Remetendo esta questão para o desporto, estamos em crer que sabemos muito pouco sobre ele. É certo que o estudo do comportamento da população face ao desporto tem vindo a ser empreendido por vários organismos do poder político e pelas universidades, mas a realidade desportiva ainda apresenta grandes fragilidades. Ela continua a ser desvalorizada por muitos.
Não se revela tarefa difícil recolher na literatura especializada o reconhecimento dos múltiplos valores do desporto para a vivência e desenvolvimento das sociedades modernas. Ele satisfaz diversas necessidades: socialização, sentimento de pertença a um grupo, exercício essencial para uma vida saudável, ocupação dos tempos livres, espetáculo, entre outras. Mas por que razão o desporto é fortemente valorizado nas sociedades modernas? O desporto é omnipresente nos meios de comunicação social e junta multidões entusiasmadas. Ele mobiliza centenas de milhares de pessoas (profissionais, amadores, fans, etc.). As emoções partilhadas não devem fazer esquecer que o desporto comporta, como toda a ação humana, uma notória ambivalência. As modalidades desportivas são testemunhos interessantes, ou vetores possíveis, da aproximação entre os Homens. Esta intenção louvável não deve, no entanto, fazer esquecer que elas são também o teatro e o vetor de exclusões, de discriminações, de violências (verbal, física, simbólica). Elas estigmatizam! As ciências sociais e humanas lembram, há muito tempo, que as injustiças verificadas nas atividades físicas e desportivas não são totalmente independentes das desigualdades mais profundas que atravessam cada país.
Apesar de ser um fenómeno tão presente na nossa contemporaneidade, nem sempre tem sido fácil compreender e interpretar o que é o desporto. Estamos ainda numa sabedoria “inferior”, como refere Cury."
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