"Com orgulho ferido, o golo de Vítor Hugo foi festejado de forma intensa
Em janeiro de 1929, o Ferencvaros foi convidado a deslocar-se a Portugal, a fim de defrontar algumas equipas portuguesas. A vinda do conjunto magiar causou enorme frenesim, porque o seu futebol era considerado um dos melhores do mundo, pela qualidade dos seus jogadores e pelas inovações dos seus técnicos.
Os húngaros não demoraram a justificar o porquê da sua reputação. Nos dois primeiros jogos em solo português, cilindraram Sporting e Belenenses, ambos batidos pelo mesmo resultado: 6-0. A imprensa ficou rendida às suas exibições: 'a iniciativa da vinda a Lisboa dos campeões da Hungria parece estar destinada a enfileirar no registo dos bons empreendimentos deste género (...), nenhum outro grupo dos que a Portugal se têm deslocado mostrou classe superior'.
Se os magiares mereciam elogios, as exibições dos dois clubes portugueses causavam apreensão, pois, até aqui, os jogos 'com estrangeiros, realizados em Lisboa, têm sido lutas renhidas e cavalheirescas'. As duas derrotas beliscaram o orgulho nacional, deixando 'o público lisboeta desolado com a derrota do Sporting e desiludido com a do Belenenses'.
Desta forma, as atenções voltaram-se para o último encontro do Ferencvaros na capital lusa, frente ao Benfica, no Campo das Amoreiras, revestindo o encontro de uma enorme importância. As esperanças estavam depositadas nos encarnados, 'como que impunha a este jogo um desfecho mais consentâneo com o brio nacional e com as possibilidades do nosso football'.
Os benfiquistas entraram determinados, 'a primeira parte foi linda, disputada com entusiasmo, correção e um nível de jogo como poucas vezes se tem visto'. No segundo tempo, a intensidade aumentou imenso, com vários lances disputados à margem da lei. Os jogadores de ambas as equipas demonstravam extrema vontade de vencer.
Numa excelente jogada desenvolvida pelo lado esquerdo do ataque, os encarnados ganharam uma grande penalidade. Vítor Hugo converteu, inaugurando o marcador. 'Com este ponto do Benfica, a tensão nervosa dos jogadores atinge o máximo, transmitindo-se ao público'. Deu-se uma explosão de alegria nas bancadas. 'Foi o fim do mundo! Simultaneamente à entrada da bola nas redes, o público, com o seu louco entusiasmo, fez ruir a bancada dos sócios, atrás da bola'.
Os magiares lançaram-se ao ataque, mas os portugueses seguraram a vantagem, conseguindo que não deixassem Portugal invictos. Os media explicaram a razão do sucesso: 'O triunfo derivou da muita vontade de toda a equipe. Tecnicamente, a marcação estreita dos jogadores do Benfica aos húngaros explica a grande proeza do Benfica'.
Saiba mais sobre outras prozas frente a conjuntos estrangeiros na área 12 - Honrar o País do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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