"Nunca conheci alguém que gostasse de perder. No futebol, no atletismo, na sueca, no chinquilho, no Trivial Pursuit, no Uno ou no Monopólio. Pode haver quem não se importe de perder, mas gostar da sensação, nunca conheci. Ninguém.
Se falarmos de reação à derrota, então o pano vai dar para muitas mangas. É porque há muitas tipologias: o encolher de ombros, o reconhecer o talento ou a sorte do adversário, o desconforto que se desfaz com meia dúzia de piadas, o amuo e o sair da sala, o atirar com o tabuleiro ou o comando à parede, o insultar ou agredir o adversário e, numa classe à parte, a política de comunicação do FC Porto.
Tinha Eustáquio acabado de ser expulso, e já os jogadores de Sérgio Conceição sabiam o que fazer: forçar a expulsão de algum adversário. Serviu tudo: gritos, rebolanços na relva, fingir agressões, pressionar o árbitro, houve de tudo. Vá lá que chegou o intervalo do clássico, e Roger Schmidt deu a segunda bofetada de luva branca da noite. Depois de, no início da partida, se ter dirigido ao banco do clube da casa para apresentar os seus cumprimentos (quando diz o protocolo - não confundir com Porto ao colo - que tal deveria ter sido feito pelo anfitrião), no descanso, o treinador alemão substituiu três amarelados. Uma prova de que está bem informado sobre os meandros do futebol em Portugal.
No final, viriam mais demonstrações de classe, como relativizar uma bola de papel arremessada, depois de hora e meia de insultos, ou ficar indiferente às tentativas de Taremi tirar satisfações não sei bem de quê. Talvez da bela defesa de Odysseas, bem para cá da linha de golo. Ainda houve uma tentativa de rasteira, uma chapada na mesa e a tradicional e bafienta indignação portista. Nada de novo. Está difícil entenderem que esse método já não resulta."
Ricardo Santos, in O Benfica
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