"O regresso de José Mourinho ao mundo da bola provocou autênticas ondas de choque, não só de surpresa e expectativa por esta nova fase do português, mas também nos aspectos burocráticos da coisa: o português viu-se obrigado a mudar de equipa técnica e reforçou-se no norte de França. Christophe Gualtier, comandante do Lille, não satisfeito com o assalto inesperado, veio ao Seixal fazer o mesmo.
Jorge Maciel, a produzir trabalho meritório ao comando dos sub-23 e na Youth League, fez as malas e o substituto é Luís Castro, ex-Panetolikos e Vitória Sport Club, como responsável dos escalões de formação.
Mourinho já contava com Ricardo Formosinho (observador), Giovanni Cerra (analista) e Carlos Lalin Novoa (preparador físico), e aproveitou para ir buscar João Sacramento para substituir Rui Faria, que se passeia pelo Dubai, e Nuno Santos, para tomar o lugar de Silvino Louro.
Gualtier não reagiu bem e as reacções públicas demonstram um natural mau-estar, num belo exemplo da “lei do mais forte” que ele próprio reconhece: «sim, fiquei chateado, irritado porque o momento não é bom. Mas o que poderia ter feito o meu presidente [Gérard Lopez] com dois funcionários que queriam sair e conhecer outra realidade? Não estamos no mundo das lágrimas. Entendi [a decisão do presidente] e certamente teria feito a mesma coisa». Esta “lei do mais forte” marca, por estes dias, o futebol europeu, onde o fosso entre gigantes e o resto se alarga a cada segundo.
Porém, também ele não tardou a encontrar soluções que permitissem a manutenção da competência nos quadros do actual terceiro classificado da Ligue 1: veio ao Seixal e levou, “sem ai nem ui”, Jorge Maciel, o técnico português de 34 anos que tão bem conduziu as equipas do Benfica que participam na Liga Revelação e na Youth League, com regularidade nas boas exibições: 15 jogos, com dez vitórias e três empates contabilizados, resultados meritórios que conseguiu conciliar com a integração de 39 (!) jogadores nos planos de jogo, sinal muito positivo e de acordo com a ideia formadora do Benfica Futebol Campus.
No decorrer do efeito dominó, o Benfica foi também rápido na substituição, optando pelo treinador português Luís Castro, que, tal como o seu homónimo, conta com passagem pelo Vitória vimaranense e estava até há bem pouco tempo no comando dos gregos do Panetolikos, deixando-os no… último lugar de tabela classificativa, com dois empates e cinco derrotas em sete jogos.
Licenciado em Educação Física e com o quarto nível do UEFA Pro desde 2016, Luís iniciou-se em Moreira de Cónegos, passando depois por Braga, Vizela, Al-Nassr (antes de Rui Vitória) e Guimarães, onde treinou desde os juvenis aos sub-23, ocupando também a vaga de coordenador de toda a formação, apesar do interregno em 2016-17, quando dirigiu o Debrecen, da Hungria.
Apesar dos seus dados estatísticos em equipas profissionais não se primar pela consistência ou regularidade, conseguiu segurar com tranquilidade os sub-23 vitorianos na Liga Revelação 2018-19, falhando por um ponto o play-off de apuramento de campeão, conseguindo o sétimo lugar na fase regular e o terceiro lugar no play-out de despromoção, num ano em que a equipa B minhota se afundou na Ledman Liga Pro e aterrou no Campeonato Nacional de Seniores.
No dia de estreia no Benfica, Luís Castro venceu a sua antiga equipa por 4-0, não se registando alterações visíveis ao nível das exibições recentes ou formação táctica. O 4-2-3-1 será uma constante, até pelas imposições do modelo estratégico do Seixal, que impõe o mesmo esquema a todas as suas equipas e retira liberdade aos seus treinadores – o que não impossibilita certas variantes e a introdução de estilos pessoais, como Jorge Maciel conseguiu e que Luís Castro decerto tentará apesar de, na sua apresentação, ter vincado o seu papel como “engrenagem” da grande máquina formadora benfiquista: «estou aqui para ajudar os jogadores. Vou dar o meu cunho, mas não vou mudar tudo»."
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