"Iniciou mal a época, mas acabou a celebrar a vitória na Taça de Portugal.
Ao longo da sua carreira, Arsénio teve de enfrentar vários desafios. Era um avançado de competição física baixa e magra, oposta aos jogadores da sua posição, o que poderia fazer com que fosse 'presa fácil' para os seus adversários. No entanto, Arsénio superava essas fragilidades com uma capacidade 'muito sua de 'desaparecer' aos seus marcadores e aparecer dentro da 'área da verdade', sempre na melhor posição e a tempo e horas de marcar golos', e pelo 'seu engodo pela baliza, a sua facilidade de pontapé, o seu à vontade na grande área, (que faziam) dele um dos melhores 'pontas-de-lança' do nosso futebol'.
Contudo, a época 1950/51 não corria de feição nem a si nem ao Benfica. Os 'encarnados', à 18.ª jornada do Campeonato Nacional, ocupavam a 8.ª posição, a 13 pontos do líder da competição, o Sporting. A derrota frente ao Sporting da Covilhã fez 'soar os alarmes'. A imprensa teceu duras críticas à prestação de certos jogadores, 'os elevados sacrifícios da equipa perderam-se na ineficácia de alguns elementos'. Arsénio encontrava-se entre os visados, 'foi um elemento nulo em todo o encontro' e 'fartou-se de perder boas aberturas dos companheiros'. Habituado a vencer as dificuldades, deu a volta às críticas ao apontar 15 golos em oito partidas. A sua prestação permitiu que os 'encarnados' subissem na tabela classificativa e terminassem no 3.º lugar do Campeonato Nacional, num percurso invicto até final da época.
As exibições do avançado encantaram adeptos a imprensa, com destaque para o jogo frente ao Estoril, em que marcou cinco golos. 'Proeza na realidade muito bonita, a justificar parangonas e festejos, a querer, enfim, dizer que o pequeno avançado do Benfica está a chamar atenções sobre si. Por duas vezes - com interrupção, apenas, de um domingo - Arsénio faz brilharetes... É preciso começar a olhar para ele com mais cuidado'.
Com a atenção captada, o avançado transportou a boa fase para a Taça de Portugal. Apesar de não ser o tipo de jogador de elevada qualidade técnica ou protagonista de lances soberbos, o seu magnífico sentido de oportunidade tornavam-no letal, 'óptimo a espreitar ocasiões de remate... e de golos'. Marcou em todas as eliminatórias e foi decisivo para que o Benfica terminasse a época da melhor forma, com a conquista da prova rainha, na qual foi o melhor marcador da equipa, com 10 golos.
Saiba mais sobre este brilhante avançado na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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