"Vitória nada convincente de um Benfica com um caudal ofensivo muito reduzido na Champions
Rafa entrou com tudo
1. O Benfica estava praticamente obrigado a vencer para continuar na luta para seguir em frente na Champions. Bruno Lage promove várias alterações com destaque para a ausência de Pizzi, inclusão de Gedson e regressos de Rúben Dias, Florentino, Rafa, Cervi e Seferovic. A troca de Pizzi por Gedson terá sido a mais significativa com a intenção de pressionar mais alto, com Rafa a jogar nas costas do avançado para procurar tirar partido da sua capacidade de explosão. O Benfica não podia ter tido melhor arranque, marcando aos quatro minutos. E foi Rafa que o fez! Começar com esta pressão face ao que o jogo representava foi importante, deu confiança, o Benfica foi forte na reacção à perda de bola, pressionante e sabia onde o Lyon era mais forte, através do Depay. Era um Rafa do outro lado. O Benfica foi, na realidade, dono e senhor do jogo até à saída do Rafa, controlou, dominou mas sem grandes oportunidades. Mas este Benfica, na Liga dos Campeões, não tem grande volume ofensivo nem é excitante. Momento decisivo é aquele corte fantástico do Grimaldo, no lance mais perigoso, surgido de um desacerto posicional.
E, sem ele, tudo se perdeu
2. A partir dos 20 minutos, quando o Rafa sai, o Benfica altera posicionamento. O Pizzi não entrou bem, pareceu-me nervoso, intranquilo e com muitos passes falhados. E Gedson, mais adiantado, não atacou tão bem a profundidade. Beneficiando desta reformulação do Benfica, não no sistema, apenas nas características dos jogadores, o Lyon encontrou o seu ponto de equilíbrio. Passou a ter mais bola e a fazer o adversário correr mais. O Benfica desarticulou-se numa primeira parte em que acaba por ir ao intervalo com uma vantagem adequada ao plano de jogo, no que era a sua dimensão e pressão adjacente. Mas, sem Rafa, perdeu toda a imprevisibilidade nas acelerações e diagonais.
Lyon a mandar na 2.ª parte
3. Na segunda parte, o Lyon agarra o jogo, empurra o Benfica para dentro do seu meio-campo. Benfica passou a andar atrás da bola. Adivinhava-se que mais minuto menos minuto sofreria o golo, pois dava sinais de muito cansaço, numa quebra física notória nos homens do corredor central. O Pizzi esteve quase sempre fora de jogo até aparecer nos últimos minutos. O Lyon passa a mandar perante um Benfica desorganizado e em sofrimento, surgindo um golo para quem estava claramente por cima. Mas parece que esse golo não fez muito bem ao Lyon, que passou a revelar algum conformismo.
De desastrado a decisivo
4. Com o empate, o Benfica revisita o plano inicial com dois avançados: Carlos Vinicius e Raul de Tomas. Acho que podia ter feito sentido jogar com dois avançados de início, jogou com um e meio: Rafa e Gedson. O empate nada interessava, podia matar todas as aspirações e até colocar em causa a Liga Europa. Assim sendo, reentra no jogo por força das acções de Pizzi, antes desastrado como que se tivesse acusado o facto de não ter começado de início. E ele é o coração da equipa! Depois tem esse momento, bola ao poste, o Benfica cresce emocionalmente e surge aquele lance hilariante para bem do Benfica. É uma grande execução do Pizzi mas é um erro tremendo do Anthony Lopes. Acho que acreditou nos sinais de falência física do Benfica, realmente parecia quebrado. Mas fica uma vitória, nada convincente, e mais uma prova que este Benfica, não ganhou um canto a jogar em casa, tem um caudal ofensivo muito reduzido na Champions. Entra nas contas mas vale mais o resultado do que a exibição. Na segunda parte quase não existiu..."
Vítor Manuel, in A Bola
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