"Vê-lo no banco do Benfica, de pé, vendo o jogo, atento, sem expressar emoções, nem mesmo nos momentos do golo, é surpreendente. Parece um treinador veterano, vivido, daqueles que já penaram pela vida e aos quais pouco ou nada os afecta.
Bruno Lage é um caso intrigante que a sociologia ou, talvez, a antropologia poderá tentar explicar na razão da diferença do treinador-jovem-tipo.
Que o Benfica deu um colossal salto na qualidade de jogo e na capacidade competitiva, é, hoje, uma evidência; que Bruno Lage pegou numa equipa que parecia cansada antes de entrar em campo, a moldou, sistematizou e equilibrou, é um facto; que os jogadores acreditam no seu treinador, mesmo quando, este, parece tentado a revoluções de alto risco, como a de Istambul, é algo que se sente de fora e que se percebe que aconteça.
Perante este tempo de uma soma de pequenos-grandes sucessos, que envolveu duas vitórias sucessivas sobre o Sporting, uma primeira vitória do Benfica na Turquia, e um aproximar aos calcanhares do FC Porto no campeonato, poder-se-ia esperar, não diria, um qualquer sinal que se assemelhasse a um orgulho, a uma pequena vaidade pelo trabalho bem conseguido, mas, ao menos, um certo modo humano de se mostrar feliz por vencer na alta-roda do futebol. Nada. Bruno Lage continua a estar como se continuasse à frente da equipa B, a fazer um discurso preciso e conciso, sem arredondamentos, sem artes de pirotecnia oratória, sempre preocupado em não deixar os seus jogadores entrarem em euforias, arrefecendo, com o seu gelo no porte e no olhar, os devaneios naturais nos artistas da bola."
Vítor Serpa, in A Bola
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