"Análise ao Benfica-PAOK, primeira mão do play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões.
Está longe de ser uma novidade o facto de não haver novidades no “onze” que o Benfica tem apresentado. A alteração forçada desta terça-feira, com a lesão de Salvio e a entrada de Zivkovic, trouxe ganhos e perdas a uma equipa que pode essencialmente queixar-se de falta de competência no momento da finalização e que terá de melhorar a sua relação com a baliza na Grécia. Houve momentos interessantes, à imagem do que se tinha visto no Bessa, mas também uma quebra de intensidade que transformou uma vitória potencialmente confortável num empate perigoso.
A dúvida levantou-se quando foram anunciadas as equipas: Pizzi no meio e Zivkovic à direita ou a solução contrária? Vingou a primeira hipótese e cedo se percebeu que o Benfica ia ter mais jogo interior, dada a tendência do sérvio para derivar para dentro, e menos verticalidade. Menos risco. Menos capacidade de arriscar no drible e forçar o um para um. E houve momentos em que esse predicado fez falta.
Sim, o Benfica foi manifestamente superior durante mais de 70 minutos, também porque o plano estratégico de Lucescu passava por defender em 4x4x2, pressionando em zonas pouco adiantadas, e soltar as “gazelas” Pelkas e Leo Jabá para activar as transições ofensivas, quando a equipa recuperasse a bola. Uma raridade, na verdade, ao longo do primeiro tempo.
No seu habitual 4x3x3, os “encarnados” mostraram alguns dos atributos que já se lhe tinham detectado, com destaque para a capacidade de Pizzi e Gedson irem alternando os movimentos de saída de bola e para a forma como o jovem internacional português, que há poucos meses jogava na equipa B, consegue cair para os corredores laterais e arrastar marcações que abrem espaço para penetrações no corredor central.
Foi, acima de tudo, e como tem sido regra, pela ala esquerda que a equipa se mostrou mais incisiva, com o jogo quase telepático de Grimaldo (um dos melhores, em intensidade e decisão com bola) e Cervi. A capacidade de desdobramento causou problemas de sobra a Leo Matos e companhia e o Benfica fez dessa faixa o seu habitat preferencial.
O golo que chegou mesmo em cima do intervalo foi um parco consolo para o caudal de oportunidades que a equipa conseguiu criar. Muito por força da liberdade que é hoje dada a Pizzi, um jogador que surge com muito mais frequência em zonas de finalização graças à tremenda capacidade de Gedson de recuperar posição e de ser um auxílio importante a Fejsa nas transições defensivas.
Não foi a noite de Pizzi em matéria de concretização de oportunidades (ainda que tenha marcado um golo), mas foi um jogo de alto nível. Criou uma ocasião soberana com um passe de 40 metros logo nos minutos iniciais, variou com precisão o centro do jogo quando se impunha e ofereceu muitas soluções a Cervi, Grimaldo, André Almeida e Zivkovic já no último terço.
O plano de jogo não sofreu nenhuma mudança brusca no segundo tempo, com a nuance de o PAOK ter deixado Prijovic mais solto na frente e de ter passado a ocupar a linha do meio-campo com cinco unidades, sempre com o contragolpe em mira. E o segundo tempo parecia reproduzir o primeiro, com o Benfica a carregar e o guarda-redes Paschalakis a adiar o avolumar do resultado. Paschalakis e não só, já que o central Crespo foi determinante para evitar que Ferreyra, Gedson e mais tarde Seferovic pisassem a área sem serem condicionados.
Tirando um ou outra cavalgada rumo à baliza de Vlachodimos, mais pelo corredor direito, era difícil antever que o PAOK fizesse mais do que assustar o rival. Mas no único lance em que enquadraram remates com a baliza — também por força do seu poderia nas bolas paradas ofensivas — inclinaram a eliminatória a seu favor.
Já com João Félix em campo, voltou a haver mais Benfica, mais critério no último passe mas a mesma desinspiração no momento do remate (que o digam Ferreyra e Seferovic). A equipa de Rui Vitória criou mais que o que tem sido hábito, mas também falhou mais do que tem sido regra, nos momentos capitais."
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