"A perda do controle da maioria do capital da SAD por parte do clube é tema central da campanha eleitoral para o Sporting e, um pouco por toda a parte, tem alimentado tristes novelas com desfechos tão tristes desfechos quanto o são o desaparecimento de emblemas históricos ou divórcios em praça publica entre clubes e respectivas SAD.
Num planeta futebol cada vez mais orientado para o dinheiro, o futebol alemão é o último bastião do fair play comercial, mas resistirá quanto tempo mais?
O presidente-executivo do Bayern, Karl-Heinz Rummenigge, diz que chegou a hora de acabar com a regra dos 50+1 que até aqui tem impedido que investidores estrangeiros, muitos sem experiência anterior no futebol, assumam o controle dos clubes da Bundesliga.
A regra dos 50+1 estipula que o clube deve deter sempre uma participação social mínima de 50% mais uma acção, evitando assim que investidores com agendas guiadas mais pelos resultados económicos do que pelos resultados desportivos forcem mudanças nos clubes contra a vontade dos adeptos.
Entre outras externalidades positivas esta é a regra que tem mantido os preços dos ingressos baixos e os estádios cheios, dando à Alemanha a cultura desportiva mais saudável do futebol europeu.
Mas Rummenigge diz que esta regra torna os clubes alemães cada vez menos competitivos nas competições europeias, impedidos que estão de lutar com as mesmas armas dos clubes-empresa da Premier League. "Estão todos com medo de perdermos competitividade se nos abrirmos ao mercado mas o oposto já é verdadeiro, a Alemanha só tem a ganhar com isso", disse Rummennige. "Ou vamos por esse caminho também ou vamos acabar por pagar um preço de ficar de fora. (...) Temos que parar de promover o populismo. (...) A Alemanha não é uma ilha deserta."
A tentativa mais recente de derrubar a regra dos 50+1 fracassou em Março. A maioria dos 36 clubes das 1.ª e 2.ª Bundesligas votou favoravelmente a moção apresentada pelo mais romântico dos clubes alemães, o FC St. Pauli. Assim manteve-se o sistema de aprovação por parte dos clubes da liga da entrada de quaisquer investidores maioritários em qualquer um dos clubes membros. Este sistema de aprovação da propriedade entre pares é único na Europa, embora os investidores que tenham interesses registados num clube por pelo menos 20 anos possam pedir uma isenção ao mesmo, como a concedida à Bayer em Leverkusen ou à Volkswagen em Wolfsburg. Outra excepção é o Hoffenheim, onde o bilionário Dietmar Hopp foi autorizado a assumir o controle maioritário em 2014, após investir consistentemente no clube durante mais de duas décadas.
Num plano muitíssimo menos inclinado do que a derrapagem dos nossos clubes no ranking da UEFA, os clubes alemães vêm enfrentando dificuldades acrescidas nas competições europeias e nenhum clube da Bundesliga chega a uma final de uma competição europeia desde 2013.
O Bayern e o Eintracht Frankfurt são os grandes dinamizadores de uma revolução que, a ser bem sucedida, alterará definitivamente os paradigmas do futebol alemão enquanto modalidade popular, da e para a população. Para os clubes alemães será o cair da máscara de respeitáveis instituições sociais e formativas de promoção da pratica desportiva. Passaram a ser tratadas por um povo culto e responsável, como quaisquer outros promotores de uma actividade comercial.
Atendendo à festa familiar que é hoje o futebol alemão, não é certo que 'Herr' Karl-Heinz tenha feito bem as contas a tudo quanto o futebol alemão e os seus clubes podem vir a perder."
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