"Entre os clichés que são particularmente gratos aos treinadores, o que postula que é preciso pensar jogo a jogo é, muito provavelmente, o mais popular. Por um lado, leva os jogadores a encarar o jogo que se segue com concentração máxima; por outro, dilui a visão de conjunto que muitas vezes acelera a cobrança de dirigentes e adeptos. Na verdade, a ideia que subjaz a esta máxima é correta: o jogo que se segue é sempre o mais difícil porque é o único que há para jogar. Ou seja, não vale a pena jogar com o SC Braga a pensar no Bayern porque só o peru é que morre de véspera.
Esta equipa do Benfica que ontem goleou os arsenalistas e segue líder isolada da Liga tem vários méritos de natureza técnica e táctica, conseguiu crescer de forma exponencial ao longo da época e foi capaz de recuperar (pelo menos e até ver) nove pontos ao Sporting. Mas, sendo esses méritos eméritos, um outro impõe-se, imperial é notável, qual cimento que garante a solidez do projecto. Estou a falar da solidariedade dos jogadores dentro das quatro linhas, alfa e ómega de qualquer equipa que procura o sucesso. Esse mérito vai direitinho para Rui Vitória que tem sabido, passo a passo, aproveitar todos os episódios para aglutinar vontades e construir pontes.
Hoje, o Benfica está mais perto do título que ontem; mas ainda está muito longe de poder cantar vitória e celebrar o tri. Faltam 540 minutos de competição intensa, adversários que não atiram a toalha e a incerteza própria das derradeiras jornadas. Nesta fase, quanto mais os jogadores dos encarnados acreditarem que, realmente, o jogo que se segue é o mais difícil da época, mais ficam próximos do Marquês. Citando Quinito, «têm de pôr a carne toda no assador.»"
José Manuel Delgado, in A Bola
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