"Em primeiro lugar queria agradecer a vossa presença aqui hoje, porque ela representa um sinal de amizade, de reconhecimento, mas também um estímulo para o futuro.
Mas o estarem aqui - e não na Assembleia da República - significa que sabem exactamente para que serve e para o que não deve servir a Assembleia da República, e isso é algo que deve ser destacado para memória futura.
Estarem aqui significa que o futebol é transversal a toda a sociedade, mas que há fronteiras que devem ser respeitadas, e que quem não percebe isso faz mal à democracia portuguesa.
Esta não foi uma época de sonho, mas foi uma época que nos fez sonhar como há mais de 20 anos não o fazíamos.
É verdade que a tristeza destas últimas semanas é tanto maior quanto o caminho percorrido e as expectativas criadas durante os últimos meses, fruto do trabalho, da dedicação, do esforço dos profissionais desta casa.
Este Clube está habituado a viver na pressão, fruto da sua grandeza, da sua história, daquilo que representa para os portugueses.
E o nosso estado de tristeza tem precisamente a ver com o facto de termos estado muito perto de concretizar uma época fantástica.
O que vos digo é que só a morte não se consegue ultrapassar, o resto podemos superar tudo.
Para o ano temos de repetir o que fizemos este ano e escrever, apenas, um final diferente. Temos condições para isso!
Tenho a serenidade de ter dado o melhor de mim a este Clube, a amargura de ainda não ter chegado onde quero chegar, mas a certeza que aquilo que falta para lá chegar é muito pouco.
Somos hoje, no ranking da UEFA, a sexta melhor equipa europeia. Demos nos últimos anos um enorme salto qualitativo e competitivo.
Mas é evidente que quando não se ganha temos a tendência suicida de colocar tudo em causa.
A verdade é que se tivéssemos ganho haveria coisas que teríamos de corrigir, mas também é verdade que o facto de não termos ganho não significa que tudo está mal.
Vamos mudar aquilo que tivermos de mudar mas com ponderação, para não estragar tudo o que de bom conseguimos nos últimos anos. Não devemos ter medo das nossas convicções.
O Benfica é vivido, dentro e fora do Clube, durante 24 horas, 7 dias por semana. Os jornais escrevem uma coisa hoje, outra coisa totalmente diferente amanhã.
Escrevem o que julgam saber, o que não sabem e muitas vezes aquilo que gostariam de ver acontecer.
Mas o Benfica de hoje não é um Benfica que se deixe condicionar pela imprensa.
O Benfica de hoje decide em função do interesse do Clube, e em função daquilo que a sua Direcção e o seu Conselho de Administração entendem ser o melhor para o Benfica.
A única garantia que vos posso aqui deixar é que vamos manter o rumo e continuar a trabalhar com a mesma seriedade, o mesmo rigor e a mesma paixão que nos trouxe até aqui.
E para aqueles que só aparecem nas horas más a criticar sem nunca ajudar a construir, os benfiquistas sabem o carácter e as razões que os movem."
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