"O País, o governo, os clubes, quase toda a gente, fazem ginástica. Não a matinal, não a de manutenção, nem sequer a rítmica. Mais propriamente, a euro-acrobática orientada por professores estrangeiros e estrangeirados.
No meio de tanta ginástica financeira, pude assistir no sábado passado à Gala do Centenário da modalidade de Ginástica do Sport Lisboa e Benfica. Uma efeméride notável, apenas 9 anos depois da do próprio clube. Foi uma festa com gosto, movimento e alma. Ali se juntou a memória do passado com a alegria do presente e a utopia do futuro. Ali se deu para perceber quanto a ginástica pode não apenas educar fisicamente o corpo, como ser uma escola de valores, de boas relações e de virtudes. Para todas as idades.
Claro que a ginástica, em Portugal, não faz manchetes, não desperta paixões sem limites, não acalenta discussões acérrimas, não é campo para teorizar cientificamente vulgaridades. Mas, em nome do ecletismo, é um património desportivo e ético que um clube com a grandeza do Benfica deve desenvolver.
No decorrer da Gala no Coliseu, vieram-me à memória duas citações curiosas: uma de Platão: «há uma boa receita para a educação: ginástica para o corpo e música para a alma». Outra de Mário Quintana: «A melhor ginástica respiratória que existe é a leitura, em voz alta, dos Lusíadas». Entre estas asserções separadas por 2400 anos, temos aqui uma boa trilogia para a educação do corpo (a ginástica), do espírito (a sensibilidade) e da mente (o conhecimento). Com trabalho, dedicação, perseverança e temperança.
Gostei de ver lá duas das minhas netas, ainda antes de descobrirem Platão e os Lusíadas."
Bagão Félix, in A Bola
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