"A situação do Real Madrid é alarmante, nunca se viu uma desunião tão profunda entre jogadores, técnicos, dirigentes, sócios e... jornalistas. O fosso abismal e inédito que o separa do Barcelona, cada vez mais acentuado, é causa e efeito deste inesperado colapso. Mourinho, orgulhoso por natureza e que nunca se caracterizou pela prudência, não dá o braço a torcer e vai fazendo o que quer. Dispõe de um enorme poder que Florentino Pérez lhe conferiu quando, por ocasião da agressão a Tito Vilanova, declarou: «Mourinho representa todos os valores do Real Madrid.» Aí, fez dele o condottiere das tropas. Não é fácil desatar o nó. Ou vence a Liga dos Campeões e continua (se quiser) ou não vence e, então, sai para o Chelsea ou para o PSG, se Ancelotti não for campeão. Este regressará à Roma, onde Zeman tem o lugar em risco. Os merengues já escolheram o eventual substituto de Mou: Klopp do Borussia Dortmund, que, por seu turno, optaria por Petkovic, a realizar trabalho notável na Lazio.
E já que estamos com a mão na massa, acrescentemos que Pep Guardiola preferiu o projecto desportivo ao dinheiro. Renunciou aos 12 milhões do oligarca Abramovich ou do xeque Mansour para se decidir pelo melhor clube do mundo e 24 milhões limpos em três anos. A Alemanha é o modelo de referência do futebol europeu e o Bayern o modelo de referência da Alemanha: estádio sempre cheio, balanços com lucros, gestão rigorosa, estrutura sólida, sector de formação exemplar. Os 171 mil sócios são donos de 81,8 por cento do clube, pertencendo os restantes 18,2 à Adidas e à Audi. Os 166 milhões despendidos em salários representam apenas 45 por cento das receitas. Como é a primeira vez que o treinador Guardiola sai do ninho catalão, é grande a expectativa para ver se tem asas que lhe permitam voar alto. A rampa de lançamento não podia ser melhor."
Manuel Martins de Sá, in A Bola
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