"A possibilidade de haver deslocalização ou dispersão significativa do conjunto alargado dos melhores jogadores de futebol é ainda remota, mas real. Não creio que a Arábia Saudita venha a ser o agente dessa mudança, mas vislumbro os EUA, num tempo que não sei definir, como hipótese mais forte - e não o escrevo com entusiasmo; para noitadas já me basta a NBA.
As experiências falhadas de implantação de uma liga profissional de futebol nos EUA pertencem ao passado e o futebol, para os americanos, já não é aquele jogo bizarro e aborrecido com poucos golos e jogado com a cabeça.
Começou por se desenvolver nas áreas suburbanas da classe média alta, primeiro entre as raparigas, para ser o desporto mais praticado a nível organizado. E já 7% da população declara que é a sua modalidade preferida, pouco atrás do basebol (9%) e do basquetebol (11%) - o futebol americano lidera com 37% (Gallup, dezembro de 2017).
Acresce o desenvolvimento da MLS: em 2023, 14 dos 29 clubes têm média superior a 20 mil espectadores por jogo, a média mais alta pertence aos Atlanta United (45 218) e a menor, devendo fazer corar de vergonha a Liga Portugal, é dos Chicago Fire (14 216). O contrato de direitos televisivos vigente já tem alguma dimensão: 2,5 biliões de dólares por dez anos em streaming, além do contrato de transmissão por televisão, embora incipiente (7 milhões de euros por época).
Por outro lado, os clubes da MLS já procuram detetar talento em idades precoces, atraindo jogadores com futuro futebolístico e fugindo ao paradigma das estrelas em decadência.
E o futebol hoje é pertinente nos EUA, alvo de referências recorrentes noutros palcos, até de outras modalidades, com tendência a intensificar-se no curto prazo em função da organização dos campeonatos do mundo de clubes (2025) e de seleções (2026).
Tudo isto num país com 330 milhões de habitantes e hábitos de consumo e investimento publicitário assolapados e que leva décadas de avanço na exploração do desporto enquanto entretenimento. É para levar a sério."
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