"Longe vão os tempos em que a Europa institucional e política via o desporto unicamente como uma forma de afirmação de capacidade dos povos e apregoava através dele grandes ideias de cidadania, carácter e valores. Fazia-o deste modo e bem, a um tempo porque permite, um tempo de paz, a afirmação competitiva das nações e alimenta o seu orgulho, aumentando a sua coesão identitária e a união interna. Fazia bem, ainda, porque são inegáveis tanto o potencial como a obra do desporto na construção ética da humanidade. Mas nos dias de hoje isso não basta. Por diversas ordens de razões, de que saliento duas nestas linhas. Em primeiro lugar, a necessidade de coesão interna e de afirmação do projeto europeu, para lá do ecossistema económico, pela união dos povos e irmandade das nações europeias unidas sob uma mesma bandeira, capaz de progredir harmonicamente, defender-se e inspirar o mundo. Esta mesma construção atravessa tempos difíceis, e o poder agregador do desporto pode, evidentemente, ser capitalizado para uma construção europeia próxima dos cidadãos. Em segundo lugar, porque a antiquíssima equação popular 'mente sã em corpo são' estava longe de se democratizar para lá das elites e das camadas mais jovens da população. Hoje, o aumento da esperança de vida e o da participação cidadã produziram em conjunto e necessidade de um envelhecimento activo, feliz, saudável e, até, de um cada vez mais falado papel produtivo à luz das novas possibilidades tecnológicas e dinâmicas económicas. Não estranhemos, pois, que um Benfica, que é e promove tudo isto, encontre caminhos inovadores para devolver o futebol aos mais velhos de nós e seja por isso celebrado numa Europa com futuro."
Jorge Miranda, in O Benfica
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