"Os pitões das chuteiras a bater no chão. O clima de tensão à porta do túnel. O barulho da bola a rolar na relva. O grito desconcertante dos adeptos apaixonados. O abraço apertado dos companheiros de bancada. A cerveja e o panado ao intervalo. A apreensão da segunda parte. O nervosismo da compensação. As unhas no chão. A euforia da vitória. O desalento da derrota. A viagem em passo acelerado para o carro (normalmente mal estacionado). A emissora da rádio a transmitir as conferências de imprensa. Aquela francesinha pós-jogo como cereja no topo do bolo. Bem, tudo isto está suspenso. Dá para acreditar?
Ainda assim, tudo aquilo que vale realmente a pena fica guardado na nossa memória. E no nosso coração. Para sempre. Por isso, resta-nos a nostalgia da recordação para alimentar um amor verdadeiro e único pelo desporto e pelo futebol. Porque acredite, é isso que a verdadeira magia do desporto faz. Atinge-nos com tamanha emoção e intensidade que não permite que o tempo atropele toda aquela sensação de arrepio na espinha. Já faltou mais. E vai correr tudo bem.
Em forma de contraste, surge-nos a história ingrata do Liverpool. A formação orientada por Jürgen Klopp não vence a Premier League desde 1989/90. Doloroso, não? Ainda mais se pensarmos que, recentemente, esse troféu esteve muito perto, mas acabou por cair aos pés da escorregadela do eterno capitão Steven Gerrard. Ainda mais doloroso? Talvez. E, na presente temporada, os “reds” lideram a prova com 82 pontos, mais 25 (!) do que o Manchester City, segundo classificado, que tem um jogo a menos. E faltam apenas nove jornadas para o final do Campeonato. No entretanto, uma pandemia instala-se no mundo e ordena que toda a esfera do futebol fique estagnada. Surreal.
Todavia, o que é isto de um troféu há muito desejado comparado com o mais importante e valioso de todos: a vida? O avançado senegalês Sadio Mané explica da melhor maneira possível: “É um sonho que eu tenho. E espero vencer a Premier League ainda este ano. Mas se não acontecer eu tenho que aceitar. Faz parte da vida. Tentaremos vencer no próximo ano. Claro que é uma situação difícil para o Liverpool, mas também para milhões de pessoas em todo o mundo. Muitas pessoas morreram ou perderam familiares. E esse é o pior cenário de todos”.
Amamos o desporto. Mas não nos confundamos."
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