"Tenho saudades de ver jogar o Benfica. Na Catedral e nos estádios deste país. Nos pavilhões da Luz e de todas as cidades portuguesas. Sinto falta de ver os nossos atletas a chutar, rematar, lançar, correr, lutar, receber, atacar, passar, fazer golos, pontos, marcas. E se eu sinto esta falta, imaginem eles: sem poder treinar juntos, sem poder fazer o que melhor sabem, sem competir.
O tempo que vivemos é de excepção. Ainda na semana passada voz escrevia sobre o jogo à porta fechada e, afinal, houve paragem de todos as modalidades. Uma paragem que é geral, que nem as greves mais justas conseguiram. Uma paragem que é necessária para evitar um adversário muito mais traiçoeiro do que aqueles que há anos enfrentamos. Sem foras-de-jogo, grandes penalidades e expulsões para fazer crescer audiências, o debate parece ser agora e da atribuição do título. Há opiniões para todos os gostos, mas será que é isso que agora importa? Esta é a altura em que temos de relativizar tudo, até o futebol, o desporto em geral. O que mais importa é ultrapassar, a tempestade, cuidar de quem precisa, evitar que o mal se propague e fazer a nossa parte.
Tenho muitas saudades de ver o Benfica, acreditem. Já dei por mim nestes dias a ir ao YouTube ver jogos antigos, até já assisti a uns bons minutos do campeonato angolano, que até este momento ainda está a decorrer, mas nada é a mesma coisa. O dia a dia sem o Benfica não é a mesma coisa, tal como não é a mesma coisa não estar com quem gostamos, sem cumprimentar as pessoas à nossa volta, sem a nossa volta, sem a nossa vida normal. Esta é uma situação única. Na vida de muitos de nós já houve guerras, revoluções, restrições à liberdade, doenças, fugas, clausura, mas tudo isto é nove. E perigoso. Um dia de cada vez, cumprindo o que nos é pedido, o que nos é exigido moralmente. No fim, fazemos as contas."
Ricardo Santos, in O Benfica
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