"À boleia de uma tragédia global vieram, paroquialmente, exigir que lhes fosse entregue o título de campeão apregoando uma suposta legislação sustentada em boataria conveniente com os seus interesses de natureza desesperadamente financeira
Que figuras tristes fizeram alguns acólitos do FC Porto e, por fim, o seu presidente durante a semana que antecedeu a decisão da UEFA sobre as competições profissionais no quadro de emergência provocado pelo Covid-19. À boleia de uma tragédia global vieram paroquialmente exigir de campeão apregoando uma suposta legislação sustentada em boataria conveniente com os seus interesses de natureza desesperadamente financeira.
Manchetes amigas garantiram que a UEFA iria ordenar às ligas europeias a homologação das tabelas de todos os 55 campeonatos no estado em que estavam no momento da interrupção das provas. Outros fazedores de opinião alertaram para as manobras do inimigo público número 1 da humanidade nos tempos que correm: não, não é nenhum vírus, é o 'centralismo' lisboeta e os abusos da Capital conjugados para roubar ao FC Porto mais um título. E, finalmente, coroando toda a demagogia com a sua surreal presença, lá surgiu Pinto da Costa a 'dar a solução' depois de uma 'task-force' de esforços paliativos lhe ter ressuscitado a ironia do costume, aquela prosápia bafienta do tempo em que 'dar chitos' era a prática e era a Lei.
A urgência do FC Porto nem é o título de campeão. São, tal como explicam as contas da SAD, os 40 milhões da entrada directa na Liga dos Campeões. Com dez jornadas da Liga por disputar e dispondo de um ponto de avanço sobre o seu perseguidor pretendeu o maior clube da Cidade Invicta dar o primeiro 'chito' do século XXI, celebrando em Março a conquista do título, enchendo - já! - a Avenida dos Aliados de bandeiras azuis e brancas sanitariamente dispostas entre si a uma distância de um metro em observação rigorosa das normas vigentes. A UEFA veio colocar um ponto final no delírio e pode-se, assim, constatar que falhou rotundamente o esforço de muita gente para a homologação do primeiro 'chito' do século, o chito-maravilha.
Não será, portanto, Pinto da Costa a decidir quem é o campeão da temporada de 2019/20. Nem será sequer Pedro Proença. Nem será a 'meritocracia', a que o presidente da Liga se referiu com tanta diplomacia, a decidir o campeonato. Será, naturalmente e, o campeonato com as suas dez jornadas por disputar a decidir quem será o campeão e quem terá entrada directa na próxima edição da Liga dos Campeões e quem desce e quem sobe e quem vai à Liga Europa.
Todo este enredo tão original deixa no ar uma questão que poderá alimentar discussões nas próximas décadas. Se, eventualmente, o FC Porto não ganhar o título em campo - o que é difícil de acontecer porque o Benfica entrou de quarentena já bastante e doente - considerarão os seus responsáveis vir a reclamá-lo na Assembleia da República tal como o Sporting fez em relação aos quatro títulos reclamados dos anos 20 e 30 do século passado? Força!"
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