"O jogo alterou-se sem que se alterassem os dispositivos tácticos ou a composição das equipas
Ponto prévio
1. Seria inevitável olhar para este jogo não o enquadrando na renhida disputa entre os dois clubes que, alternadamente, nas últimas décadas, são os crónicos vencedores da mais importante prova portuguesa. Perante o SC Braga - clube que apresenta o mais acentuado crescimento e aproximação aos três grandes e que na ponta final de mais uma época positiva luta por uma posição no pódio - a dúvida assentava na capacidade e competência que o Benfica teria ou não para aproveitar o deslize do FC Porto e transformar uma igualdade pontual numa vantagem que, não sendo decisiva, se constituiria como uma almofada muito importante no plano anímico para as últimas jornadas e determinante para as contas finais.
Fidelidade aos modelos e dinâmicas
2. O Benfica apresentou-se igual a si mesmo na fase Bruno Lage, num modelo, dinâmica e composição do onze sem alterações de fundo a registar-se. O SC Braga surgiu com a particularidade da colocação de Franségico como segundo atacante, o que denunciava alguma preocupação na tentativa de dar maior robustez e fecho no espaço interior, mas o mesmo 4x4x2 que no movimento se transformava num 3x4x3 pela projecção de Murilo pela esquerda e pelo fecho do espaço interior e maior contenção por parte de Esgaio, devendo ainda acrescentar-se a nuance do jogo interior de Ricardo Horta, da esquerda para dentro.
Ousadia e risco do SC Braga
3. O SC Braga chegou ao golo após fase de grande pressão e forte reacção à perda de bola, com o bloco relativamente adiantado, expondo-se ao excelente jogo em profundidade típico do Benfica, sem no entanto o permitir. Uma primeira parte com ascendente do SC Braga, com melhor controlo de qualquer um dos tempos de jogo e por isso com uma vantagem justa ao intervalo.
Mil vezes visto
4. Perante a previsível reacção do Benfica, o SC Braga, de forma voluntária ou inconscientemente, cedeu, baixando o bloco e expondo-se ao jogo em posse no qual o Benfica é também muito forte, permitindo uma sucessão de lances no seu terço defensivo, o que levou num primeiro momento ao empate e posteriormente a versão vincada do resultado. Nota para a importância das bolas paradas: três dos quatro golos do Benfica obtidos por esse meio.
Mudança de atitude
5. Sem alterar o dispositivo táctico ou a composição do individual dos colectivos, a mudança de atitude e disposição psicológica de cada uma das equipas foi, em minha opinião, um factor determinante, que por um lado levou à perda do controlo do jogo por parte do SC Braga e por outro permitiu ao Benfica reafirmar-se como a equipa que melhor futebol apresenta de momento e que conseguiu ontem um importantíssimo resultado no caminho para o título nacional."
Manuel Machado, in A Bola
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