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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

O miúdo que decidiu nos grandes jogos

"Chalana, com apenas 18 anos, foi crucial nos triunfos do Benfica frente ao Sporting e FC Porto

Era música, pela forma como ziguezagueva entre os defesas adversários, numa variação de ritmo veloz. Era pela leveza e perfeição dos seus movimentos. Era pintura, pela maneira aguerrida como disputava cada lance. Era escultura, por cada pormenor técnico seu ficar na memória dos adeptos. Era arquitectura, pela precisão com que desenhava as jogadas. Era poesia, pela emoção que despertava nas bancadas. Era cinema, pelo virtuosismo e fantasia das suas fintas. Era isto e muito mais. Era arte pura! Era Chalana.
Em Janeiro de 1977, no espaço de 15 dias, os 'encarnados' defrontaram os seus dois maiores rivais. Sporting e FC Porto, a Chalana resolveu em ambas as partidas. Após ter-se estreado na época anterior, vinha a consolidar-se como titular. Nestes dois encontros não deixou margem para dúvidas, estávamos perante um dos atletas com maior talento do futebol português.
A 16 de Janeiro, num Estádio das Antas completamente lotado, o extremo realizou uma exibição bastante elogiada pela imprensa: 'dribles magníficos, fintas admiráveis, a desviar os adversários e «sprints» perigosíssimo, pelo flanco esquerdo, driblando com grande facilidade. A coroar tudo isto, um golo de antologia'. O extremo marcou o único tento da partida e deu a vitória aos benfiquistas. Duas semanas depois, voltou a ser decisivo, desta vez perante o primeiro classificado, o Sporting. Numa actuação pautada por jogadas absolutamente fantásticas, ultrapassava cada adversário que lhe aparecia à frente de forma extraordinária. Os média ficaram fascinados com o seu desempenho: 'começou ao nível de Nelinho, «em grandes», mas foi refinando a sua actuação ao ponto de atingir o brilhantismo, já na segunda parte, quando a seis minutos do final (...) alcançou um «golão», que fez o 2-1 a favor dos 'encarnados'.
A vitória deixou os benfiquistas a um ponto do Sporting, entrando na luta pelo título. O Benfica vinha a recuperar de um início de temporada atípico, em que nas cinco primeiras jornadas da competição perdera seis pontos. Após este encontro, nas restantes 14 jornadas, somou 12 vitórias e sagrou-se campeão nacional com nove pontos de avanço sobre os sportinguistas. Chalana foi um dos elementos que mais se destacou nesta campanha. Pela sua qualidade técnica e visão de jogo foi fundamental no processo ofensivo da equipa e o terceiro melhor marcador.
Pode conhecer mais sobre este fantástico jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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