"Este ano fui convidado para fazer parte do painel dos Prémios Laureus, o que me trouxe um problema: quem são os melhores atletas do ano?
Pensei, pensei, pensei, e resolvi aproveitar este espaço para partilhar com o leitor meia dúzia de teorias. Afinal de contas é das discussões que surgem as melhores ideias.
Basicamente o que é me é pedido é integre um painel formado por mais algumas dezenas de jornalistas, sendo que cada um de nós vai indicar um atleta masculino do ano, uma atleta feminina do ano, uma equipa do ano, uma revelação do ano e um regresso do ano.
A partir das votações deste painel vai chegar-se uma lista, que será apresentada ao júri formado por antigos atletas. Este júri vai olhar para essa lista e eleger um vencedor por cada categoria.
Ora vamos lá, então.
Atleta masculino do ano.
Neste caso, e excluindo um qualquer assomo de loucura, acho que a escolha deve ser Cristiano Ronaldo.
Podia ser pelo triunfo na Champions, prova em que foi outra vez o melhor marcador, podia ser por chegar aos 400 golos nas cinco maiores ligas europeias, podia ser por momentos admiráveis como o pontapé de bicicleta em Turim, o livre que deu o empate no último minuto do Portugal-Espanha ou o golaço frente ao Man. United.
Podia ser por tudo isso, mas não é.
Acho que a escolha deve ser Cristiano Ronaldo pelo impacto que teve no futebol italiano. Há tantos anos afastado da primeira linha de mediatismo, o campeonato recuperou um lugar que já foi dele nos anos oitenta e noventa à custa do português. De repente todos os olhos se viram para Itália, e para o que pode conquistar o futebol italiano com Ronaldo. O português ressuscitou o Calcio.
Admito, no entanto, que esta será a escolha mais difícil. Afinal de contas há enormes hipóteses. Lewis Hamilton, por exemplo, conquistou o quinto título da carreira na Fórmula 1, ficando a apenas dois do histórico Michael Schumacher. Novak Djokovic venceu Wimbledon e US Open, tornou-se o primeiro a ganhar os nove torneios do Masters 1000 e acabou o ano como número 1.
Mas há mais. Marc Marquez venceu pela terceira vez seguida o MotoGP, o austríaco Marcel Hirscher venceu pela sétima vez consecutiva o Mundial de esqui, o norte americano Brooks Koepka venceu dois dos quatro Majors de golfe e o queniano Eliud Kipchoge tirou 1 minuto e 22 segundos ao anterior recorde da maratona, o que é absolutamente louco.
Atleta feminina do ano.
Neste caso parece-me que a escolha é mais fácil. Dificilmente alguém atinge o sucesso que a norte americana Simone Biles alcança constantemente. Este ano conquistou a quarta medalha de ouro seguida nos mundiais de ginástica artística, somando mais três ouros em solo, salto e equipa.
Tirando Biles, quem mais? Talvez a suíça Daniela Ryf, que venceu pela quarta vez o mundial de trialto ironman, batendo até o recorde, mas a verdade é que esta é uma competição menor. De resto, Wozniacki venceu o Open da Australia, Simona Halep venceu Roland Garros e é a número 1 do ranking em ténis, mas tudo isso me parece demasiado curto.
Equipa do ano.
Outro ponto de escolha difícil. À partida acho que a opção deve recair na Mercedes. Venceu pela quinta vez consecutiva o título de construtores da Fórmula 1 e ainda viu o piloto da equipa Lewis Hamilton ganhar o título individual. Foi um ano em grande, portanto.
No entanto, é impossível esquecer, por exemplo, a esmagadora vitória dos Golden State Warriors na final da NBA (4-0 sobre os Cleveland), para conquistar o terceiro título em quatro anos. Mais o Real Madrid (terceira Champions seguida) ou a selecção francesa, campeã mundial na Rússia.
Regresso do ano.
A escolha mais fácil. Por tudo o que representa para o golfe, e para o desporto em geral, o triunfo de Tiger Woods no US Tour não tem concorrência. Basta lembrar que o americano já não vencia um torneio do PGA Tour desde 2013 e já não ganhava o torneio dos Estados Unidos desde 2008.
De resto, só a medalha de bronze de Lindsey Vonn nos Jogos Olímpicos de Inverno, depois de um calvário de lesões que se arrasta desde 2014, merece aqui também uma referência.
Revelação do ano.
Para terminar, Naomi Osaka. A jovem japonesa venceu o US Open, derrotando a mítica Serena Williams em dois sets, numa final que ficou para a história pelo espectáculo da tenista americana, que roubou o protagonismo a Naomi Osaka. Ante disso já tinha ganho também Indian Wells e pelo caminho chegou a número 4 do mundo em ténis. Tudo isto quando tem apenas 20 anos.
É preciso não esquecer, porém, nomes como o norueguês Jakob Ingebrigtsen, que aos 17 anos venceu duas medalhas de ouro nos europeus de atletismo, do japonês Tomokazu Harimoto, que aos 14 anos se tornou campeão nacional e venceu dois torneios do World Tour de ténis de mesa, ou do antiguano Rai Benjamin, que aos 20 anos conseguiu o segundo melhor tempo de sempre dos 400 metros barreiras.
Estas são as minhas escolhas. E as suas, leitor?"
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