"1.
Que Fernando Santos não convocava para fases finais jogadores que não tivessem treinado pelo menos uma vez com o grupo nacional.
«Claro que não vai aparecer no Mundial um jogador que nunca tenha passado pela Selecção. Isso é impossível. Tenho de conhecer os jogadores a nível do treino, a nível mental, a nível grupal», disse Fernando Santos ao MaisFutebol em Outubro.
Mas afinal de contas não.
Nas últimas entrevistas que deu, já esta semana, o seleccionador mudou de opinião e deixou uma garantia que surge virada do avesso.
«Com elevado grau de probabilidade, haverá jogadores no lote de 35 pré-seleccionados que nunca estiveram ao serviço do Selecção. Mais do que um. Falo de jogadores com percurso de selecções jovens mas que nunca chegaram aqui.»
O que mudou, então?
Acima de tudo parece-me ter mudado Rúben Dias. Numa altura em que a selecção passa por uma grave crise de centrais, Fernando Santos sentiu necessidade de mudar as convicções.
O seleccionador queria fazer com Rúben Dias em 2018 o que fez Renato Sanches em 2016: um jovem que foi chamado pela primeira em Março e que foi convocado para a fase final em maio.
A lesão do central, no entanto, impediu-o de estar com o grupo.
Por isso Fernando Santos mudou de opinião e prepara-se para tomar uma opção que tinha jurado nunca tomar. O que é um sinal de inteligência: as circunstâncias exigem sempre uma adaptação e as convicções só são boas enquanto nos servirem. Ou, como diria Pepa, só os burros é que o são a vida toda.
2.
Que os jogadores do Sporting tinham aprendido com José Mourinho que era mau sinal visitar torneios de ténis em semana de dérbi.
Afinal de contas não.
O que nos traz à memória o tempo em que o Special One era o treinador do Benfica e venceu por 3-0 o Sporting, no dérbi que instalou a crise em Alvalade e acabou por provocar a saída do campeão Augusto Inácio. Aconteceu em 2000 e o Mourinho contou tudo mais tarde num livro.
«Para aí 75 por cento do plantel do Sporting estava a desfilar no Masters de Ténis. Pensei de imediato: Estes gajos andam aqui na passerelle e eu vou dar-lhes com a marreta... Senti-os demasiado tranquilos. Davam-se ao luxo de andarem por ali a mostrarem-se em vez de pensar no jogo do fim de semana», escreveu Mourinho.
«Disse então para o Mozer: Amanhã aproveitaremos esta situação em nosso benefício e quando chegarmos ao treino vamos envenenar a nossa criançada. Assim o disse e assim o fiz. Quando lá cheguei disse-lhes logo que os jogadores do Sporting tinham passado a vida no ténis, que deviam estar a pensar que nos iam ganhar por meia-dúzia e por aí adiante. Piquei os meus jogadores. Eles sentiram-se desprezados pelo adversário e recusaram ser coitadinhos.»
O resultado já se sabe: o Benfica, que estava em crise, deu a curva no destino e venceu o campeão Sporting por 3-0.
Ora esta semana andaram pelo Estoril Open, pelo menos, Bruno Fernandes, Gelson, Coates, Bryan Ruiz, Podence e Palhinha. É certo que Raul Jimenez também por lá passou. Mas enfim, foi só ele e não é bem a mesma coisa.
Resta saber se Rui Vitória vai saber aproveitar a passagem dos jogadores do Sporting pelo Estoril Open, como Mourinho soube aproveitar: isto nas vésperas de um dérbi importantíssimo.
3.
Que os adeptos tinham percebido que os clubes são muito engraçados, sim senhor. Que dão grandes alegrias e acompanham-nos a vida toda. Mas que não colocam comida na nossa mesa, nem pagam o colégio do nosso filho: e por isso não podem mexer no nosso bolso.
Afinal de contas também não.
Por isso ficamos a saber que o Novo Banco e o BCP perdoaram ao Sporting praticamente cem milhões de euros de dívida poucos dias depois do Estado ter anunciado que vai recapitalizar com 450 milhões de euros o Fundo de Resolução. Para quê? Para que este reforce os rácios do Novo Banco, no final de um ano em que o banco teve prejuízo de mais de mil milhões de euros.
Mas quem fala dos quase cem milhões perdoados ao Sporting pode falar da reestruturação da dívida de 400 milhões da empresa de Luís Filipe Vieira. Ou da abertura para renegociar as dívidas das SAD de Benfica e FC Porto.
Os clubes não podem fazer a gestão do dia a dia - contratar jogadores, pagar ordenados, dar comissões - à custa dos nossos impostos. E, já agora, nós não podemos ficar contentes a achar que os dirigentes fizeram um grande negócio. Afinal é o nosso dinheiro: o dinheiro do nosso trabalho."
PS: Podes falar da restruturação da dívida de uma empresa do Vieira, mas nesse caso, não houve qualquer perdão de dívida... e em relação ao Benfica, nenhum Banco se mostrou aberto a renegociar!!! Portanto, não vamos novamente 'meter tudo no mesmo saco'!!!
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