"O desvanecer do penta é angustiante, essencialmente, por um motivo: nós somos o Benfica. Símbolo que habita naquele sagrado inferno, o Estádio da Luz. A impotente Catedral. A casa onde já desfilaram Eusébio e Coluna; Humberto Coelho e Toni; Bento e Chalana; Shéu e Pietra; Rui Costa e Nuno Gomes.
Um benfiquista tem plena consciência da dimensão do brasão que alberga na alma. Como tal, a gigante e singular euforia no momento da glória transforma-se numa não menos gigante e singular desilusão na hora da derrota. Porque o maior nunca deveria sucumbir. Jamais. Na minha cabeça, qualquer campeonato onde não se somem por vitórias o número de jogos, com uma média de cinco golos marcados por jornada, é um ano frustrante. O Benfica de 1972/73, invicto na Liga, foi o que mais se aproximou de cumprir essa natural ambição, apesar dos dois empates consentidos e da escassa média de três golos por jogo.
Olhando para a exigência do adepto, quem representa o Benfica não tem margem de manobra por aí além, como se percebe. É natural, portanto, que passar um ano inteiro sem celebrar seja o que for se torne insuportavelmente doloroso. Há ocasiões, deve confessar,em que invejo a estirpe de adeptos que se regozija, em primeiro lugar, com os fracassos dos adversários. Por exemplo, aqueles que mesmo embaraçados por um sétimo lugar encontram motivação para abrir garrafas de champanhe. Ou outros, cuja invulgar seca de quatro anos não os inibiu de se lambuzarem com a péssima campanha do Benfica na Liga dos Campeões. Azar o meu, ser Benfica e dispor dessa aptidão trata-se de um conjuntura completamente incompatível.
Sou do Benfica aquele que nunca encontrou rival neste nosso Portugal. E isso me envaidece."
Pedro Soares, in O Benfica
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