"Nos últimos dias, aconteceram coisas importantes no mundo da arbitragem. E qualquer uma delas seria válida para trazermos hoje a esta coluna.
Podia falar-vos sobre a tomada de posse da Direcção da FPF e do novo Conselho de Arbitragem, que acontecerá hoje, com a presença do presidente da FIFA, Gianni Infantino.
Podia também abordar a questão das alterações às leis de jogo, aprovadas em Março. Ao todo, foram 95 mudanças na letra e espírito da lei, muitas delas com impacto significativo no decorrer dos jogos. A analisar em breve.
Mas hoje a minha escolha é outra. Hoje respondo ao apelo do coração e escolho a mais importante de todas. Porque sempre que está em causa a saúde e a segurança de quem está no futebol, tudo o que é estrutural deixa de fazer sentido.
Lembram-se do Caso do Sobrado? Em Novembro de 2011, um árbitro assistente foi brutalmente agredido por dezenas de adeptos da equipa visitada, num jogo do Distrital da AF Porto, entre o Sobrado e o Rio Tinto.
A barbaridade foi tal que o Semedo, assim conhecido pelos colegas, correu risco de vida e foi internado durante várias semanas. Diagnóstico? Coisa pouca. Dentes e maxilares partidos, traumatismo craniano e deslocamento da retina do olho direito. Foi de tal forma grave que foi necessária cirurgia para reconstrução facial. Imaginem pois a violência dos socos e pontapés na cara, quando já estava caído e inconsciente no chão. Dispenso-me falar aqui das consequências psicológicas e emocionais e do impacto irremediável que esta situação teve na sua vida pessoal, profissional e familiar. E que ainda tem. Que terá sempre.
Quase cinco anos depois, a justiça portuguesa fez... justiça. E pela primeira vez em Portugal condenou a penas de prisão efectivas (confirmadas agora na Relação) alguns dos agressores identificados.
A prisão de alguns dos arguidos (outros apanharam apenas penas suspensas) não é motivo de alegria para quem sofreu lesões gravíssimas na cabeça, tal como não o é para a sua família ou para o universo do futebol. Não há justiceiros nem vinganças agridoces em pessoas de bem. Não pode haver.
Mas teve o mérito de abrir precedente importante e de passar mensagem de prevenção inequívoca: bater nos árbitros (ou em qualquer outro interveniente desportivo) dá prisão. Dá cadeia. De verdade.
E se tanta pedagogia, tanto diálogo, tanto apelo ao fair play nunca parecem desincentivar quem vai para um estádio apenas para agredir, que a consequência dessas acções o faça então. E que esta pena, neste caso justíssima, faça despertar nos potenciais arruaceiros de amanhã o receio de passarem a ver o sol aos quadradinhos durante muitos, muitos meses.
Sempre fui favorável à prevenção. Mas se ela se esgota sistematicamente em palavras, então que as acções sejam firmes, fortes e imparáveis. Seja em matéria criminal, seja por exemplo em questões de regulamentação disciplinar.
E que falta faz o endurecimento dessas no futebol português..."
Duarte Gomes, in A Bola
Sempre considerei o Duarte Gomes um dos maiores árbitros portugueses.
ResponderEliminarSe não foi mais longe na carreira a meu ver foi porque não se comprometeu com interesses dubios.
Estes seus artigos são tão claros quanto ao que o distingue dos Coroados desta vida.
É como o Ricardo Costa.
Estivesse o Ricardo Costa a presidir ao conselho de Disciplina e o futebol português seria outra coisa sem dúvida.
Quando o Duarte Homes apitava jogos do Benfica estavamos jogando contra 11.
Não é algo que se possa dizer de muitos árbitros.
Sim concordo com o que foi dito, agora...se serve de lição? Não me parece. Nem para um lado nem para outro, embora a pena tenha saído agora todos os árbitros sabiam o k se tinha passado e nem por isso tentaram fazer melhor e deixar a trafulhice de lado, não o defendo mas alguns se tivessem levado um murro nos cornos não tinha sido demais.
ResponderEliminarHá coiso e tal isso é defender a violência, pois...digam isso ao Luisão!