"Possuidor de uma audácia singular, um enorme espírito de sacrifício e uma generosidade sem limites, Manuel Bento é, para muitos, o mais carismático guardião de sempre do futebol português.
Quando tive de pensar o rol de conteúdos do nosso Museu, uma das ideias que primeiro se me impôs foi a d' «O meu onze». Uma plataforma para os visitantes poderem escolher a sua equipa de sempre, partindo dos ídolos de todas as épocas.
Quem vem hoje ao Museu dispõe efectivamente dessa possibilidade e os resultados estão lá, em permanente actualização. Nalguns casos, reflectindo a escolha dos participantes, noutros, não.
Ora, é mesmo aí que eu quero chegar. Na parte que me toca como adepto, sinto um misto de surpresa e desilusão por não ver na baliza desta equipa intemporal o meu querido Bento. Está lá o Preud'Homme, que igualmente admiro, tal como o 'Zé Gato', que ainda vi actuar, ou o lendário Costa Pereira, que é no mundo dos guardiões uma espécie de deus perfeito.
Claro que não me passa pela cabeça contestar as escolhas do público. Mas deixem-me lá afirmar, só desta vez, que o glorioso Galrinho é o guarda-redes dos guarda-redes.
Talvez possam acusar-me de ter com ele estabelecido laços fortes através das cadernetas de cromos e dos jogos de caricas; de inúmeras vezes, lhe ter vestido o bigode nas peladinhas de rua; de me ter deixado repetidamente hipnotizar com as suas saídas à Kamikaze, ora pelo chão, ora pelas alturas; talvez possam acusar-me de ter sonhado com ele a meter golos de penálti na União Soviética e a decidir, com um destemor só seu, eliminatórias europeias; de o ter visto demasiadas vezes a colocar a bola, com a precisão de um basquetebolista, lá bem adiante, nos pés do Chalana; talvez possam acusar-me de concordar com a ideia de que passou a carreira a desmentir as pernas de alicate e a estatura pequena com pulos mais altos e velozes que os de um saltador à vara; talvez possam acusar-me de propaganda, mas deixem-me lá dar vida a esta página com quem me ajudou a semear valores como a audácia, o espírito de sacrifício e a genoridade nos meus sonhos de menino.
Do Riachense ao Goleganense, do Goleganense ao Barreirense, do Barreirense ao Benfica, do Benfica à selecção nacional. Guarda-redes dos guarda-redes? Bento! Manuel Galrinho Bento! Quanto à sua história, ela está mais do que contada e eu não vou querer acrescentar-lhe um ponto. Ponto.
Manuel Galrinho Bento
Golegã, 25 de Junho de 1948 - Barreiro, 1 de Março de 2007
Épocas no clube: 20 (1972/73 - 1991/92)
Jogos: 636
Títulos: 8 Campeonatos Nacionais; 5 Taças de Portugal; 2 Supertaças; 6 Taças de Honra
Internacionalizações: 63"
Luís Lapão, in Mística
Foi um guarda redes fabuloso. Uma saudade.
ResponderEliminarO melhor guarda-redes português que vi até hoje. O José Henriques era bom, O Damas era bom mas era muito elegante e isso dava azo a sobrevalorizações. O Vitor Baía era bom, mas não se compara ao Bento. Títulos? Há excelentes jogadores que tiveram poucos títulos., E há muitos guarda-redes que ganharam títulos porque os colegas à frente eram bons. Alguém se lembra do guarda-redes campeão do Mundo de 62? E quantos se lembram do de 70? E de 86? E de 2006?
ResponderEliminarConcordo com o Lapão a 100%...
ResponderEliminarAté pode ser uma questão geracional, mas para mim, o Bento será sempre o maior...
Na minha juventude, com toda admiração que tinha pelo Carlos Manuel, o Diamantino... até pelo Chalana, o meu ídolo, foi sempre o Bento, essencialmente devido à atitude em campo... por isso posso não ser a pessoa mais imparcial para discutir esta questão!!!
Abraços
Só de pensar que o Bento hoje em dia não teria lugar na maior parte dos clubes de futebol profissional, muito por causa da sua altura (inferior a 1.80m).
ResponderEliminarSeismilhoesum,
ResponderEliminarO guarda redes campeão do mundo em 2006 foi o Buffon! Um dos melhores guarda redes de sempre!
O Bento foi o maior de todos, só o Preud'Homme esteve perto! O verdadeiro homem borracha!
Obrigado e Saudações!