"De parte deixo a apreciação aos adversários do SLB, parecendo-me no entanto evidente que o da zona das Antas está bem melhor do que o ano passado. De lado deixo também as análises às opções tácticas de Jorge Jesus e deixo igualmente fora desta crónica o sucesso das contratações feitas para a temporada 2010/2011. Para chegar onde pretendo, mantenho-me agarrado somente à falta de um jogador, apenas um: Di Maria. A ausência do argentino que brilha no Real Madrid faz com que o Benfica de hoje seja menos prolífico. O mesmo é dizer que Saviola e Cardozo marcam metade do que marcavam no ano passado. Com Di Maria em grande forma, os clubes que jogaram contra nós viram-se obrigados a orientar as suas linhas recuadas para estancar a corrente criativa por ele originada. Todo o ataque do SLB era temível, mas Angelito, imprevissível, obrigava a escolta redobrada. E o resultado imediato era uma maior liberdade para Saviola e o triplo de passes limpos para o ponta-de-lança. Mais, García, Ramires, David Luiz, Maxi, Coentrão e Aimar subiam de rendimento e criatividade com Angel em campo. Despreocupavam-se os centrais e o guarda-redes, os médios fechavam as portas logo no meio-campo contrário e o estrangulamento era evidente desde cedo. A partir de determinadas altura, os defesas já só pediam para não perder por muitos. Lembro que Di Maria, passado o primeiro ano, algo intermitente diga-se, foi o perigo constante que Gaitán ainda não consegue ser. Com tempo lá chegará. Paulo Futre, capaz de furar toda e qualquer barreira defensiva, imaginativo, empolgante, letal, veloz e apontado à baliza, quando abandonou o Atl. Madrid e mesmo o Benfica abriu um buraco difícil de tapar. Era só um mas fazia com que todos os outros jogassem melhor. Daí que a discussão à volta da saída de Di Maria não se possa limitar à saída de um elemento de um plantel de 25. Não é um Eusébio nem Maradona, mas que faz muita falta, lá isso faz."
Ricardo Palacin, in O Benfica
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