"A Crónica: Irrepreensível Águia Começa A Segunda Volta Como A Primeira: A Vencer
Era deveras o assunto menos falado do dia graças à ‘novela’ de Enzo Fernández, mas havia jogo no Municipal de Arouca e um jogo muito complicado para as hostes encarnadas. Falo claro da visita do SL Benfica ao campo do FC Arouca, na primeira jornada da segunda volta, sendo que na primeira os lisboetas derrotaram convincentemente a formação de Armando Evangelista por 4-0. Hoje, os arouquenses estavam bem colocados na tabela – na sétima posição – com vontade de corrigir o resultado negativo.
Nesta noite de calor soviético o público disse presente, enchendo as bancadas do Municipal, com poucas porções por preencher. Quanto ao jogo jogado, Guedes – que hoje se assumiu como o homem mais adiantado na ausência de Ramos – era o primeiro elemento da pressão encarnada e um jogador que colocava o Benfica a jogar sem um avançado mais declarado em ataque organizado, mas com disponibilidade em apoio. Ainda assim, era um perfil diferente. As águias que iam investigando as intenções do Arouca no jogo, com movimentações de aproximação, mas sem grande forcing na pressão numa fase inicial do jogo.
Gonçalo Guedes, com o passar do jogo, estava cada vez mais perto da área e disponível para receber bola dos laterais, enquanto a equipa da casa teve uma indivisível capacidade de rodear os homens mais adiantados do Benfica na zona central, de forma cautelosa. Eram uma linha de cinco – em grande parte da primeira parte – que parecia funcionar como uma corda, de forma perfeitamente interligada a controlar os movimentos dos avançados encarnados. Era nas combinações com a lateral que saiam combinações repletas de qualidade com bola, com Bogdan na direita em trabalho de contenção para evitar incursões de Grimaldo.
Aos 25 minutos, um golo a três e que bem jogado foi! Neres quebrou a defesa do Arouca com passe sublime para Aursnes que deixou a papinha feita para João Mário só ter de encostar. O internacional português quebrou o gelo e confirmou a sua época mais goleadora de sempre.
A segunda parte, como seria de esperar, trouxe um Benfica com muita vontade de marcar e ganhar tranquilidade, com mais bola, porém pouco perigo. Os homens da casa mantinham a postura intensa e de constante sufoco mal a equipa de Roger Schmidt tinha bola em zonas mais adiantadas. O jogo praticamente na mão, mas o pássaro estava sempre a uns segundos de voar, apesar da área encarnada só fazer parte do jogo quando a equipa da Luz sai a construir, com Vlachodimos com pouco ou nada para fazer.
O filme do primeiro golo voltou a repetir-se e é quase só substituir o nome Neres por Guedes. Combinação em espaços curtos com o ex-Wolves, Aursnes e João Mário como protagonistas, com o primeiro a servir numa bandeja o golo ao médio português. 0-2 e 14º golo para João Mário na presente temporada.
Isto foi andando numa toada pouco problemática – para as duas partes, diga-se – até que Aursnes decidiu que estava na hora de acelerar e colocou uma bola na diagonal para Neres, que não conseguiu finalizar, mas a bola sobrou para Petar Musa que não se fez de rogado e ampliou o marcador.
Uma exibição sem sobressaltos, com grande sabor a eficácia encarnada. Com a vitória, a equipa de Roger Schmidt aumenta distâncias, com mais dois jogos que os rivais diretos, estando no primeiro lugar com 50 pontos. Os arouquenses mantém-se na sétima posição, com 26 pontos e um campeonato tranquilo.
A Figura
João Mário – Pode parecer repetitivo, mas o que joga o médio internacional português! É impressionante a sua qualidade em espaços curtos e o que faz jogar a equipa. Como brinde, ainda leva dois golos que ajudam a abrilhantar a sua atuação. O mesmo podia-se dizer do dínamo norueguês ‘Fred’ Aursnes, que também esteve em grande nível.
O Fora de Jogo
Bogdan Milovanov – Teve nos momentos ingratos do jogo, o jogador ucraniano pôs Aursnes em jogo no primeiro golo e no segundo a sua abordagem deixou a desejar, comprometendo a equipa.
BnR na Conferência de Imprensa
FC Arouca
BnR: Referiu a questão de ligar o jogo e da profundidade no plano ofensivo, sente também que a equipa talvez tenha sido um pouco passiva a atacar?
Armando Evangelista: Não se trata disso, é mais sobre aquilo que o nosso ‘9’ nos costuma dar. O Benji chegou há pouco tempo, é um jogador que temos utilizado de fora, por dentro, que não tem as rotinas necessárias e não poderia ter face ao tempo de trabalho que temos. Jogando contra adversários que nos obrigam a baixar linhas dependemos do comportamento do nosso ‘9’ para poder ligar o jogo, para dar tempo e espaço aos nossos alas para chegar ao processo ofensivo e o Benji nem tem essas características, nem as rotinas necessárias para fazer esse papel. Prende-se exclusivamente a isso, não tem a ver com intensidade, prende-se às rotinas dos jogadores.
SL Benfica
BnR: O Benfica tem tido dificuldades em ter a equipa completa, quando isso acontecer, e com a saída de Enzo, sente que a mudança para um sistema como o 4-3-3 acabará por se adequar mais às características dos jogadores á sua disposição?
Roger Schmidt: Não, não sei. Não penso que tenhamos que mudar algo, temos muita confiança em nós, claro que podemos ter abordagens diferentes. Há treinadores que gostam de mudar de formação [tática] para jogar de forma diferente, mas eu prefiro ter uma ideia clara para jogar futebol, com bola e sem bola, não gosto de mudar a formação. Acho que temos os jogadores para jogar neste sistema – mostrámos isso hoje – e podemos por jogadores diferentes, ter armas diferentes como hoje, onde jogámos com o Gonçalo Guedes e o David Neres na frente, onde temos velocidade e jogadores com qualidade em espaços curtos, mostrámos em muitos jogos que somos capazes de apesar o adversário saber como jogámos, somos capazes de os fazer adaptar ao nosso jogo e é esta a nossa abordagem."
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