"José António Saraiva, no jornal Nascer do Sol, edição de 26 de novembro de 2022, vaticina que no Catar o futebol iniciou o seu funeral. Adianta que “a partir do momento em que deixa de ser um jogo e se torna um campo de batalha político-ideológico, o futebol acabou”. Creio que o funeral não está para breve. Só se for obra do Espírito Santo.
O futebol continua a ser um produto-chave no âmbito das guerras de audiências, a que se entregam os diferentes meios de comunicação social. Existe uma “teledependência”. Os direitos televisivos representam orçamentos colossais. Os jogadores tornam-se estrelas, aumentam a sua notoriedade e o seu valor de mercado. A transmissão de um jogo de futebol não começa no momento em que as equipas se encontram no campo e a bola colocada no centro do relvado. Tudo é “desenhado” antes. O futebol é considerado como uma manifestação exemplar do capitalismo globalizado. São muitos os governos que usam o futebol para entreter o povo, fazendo esquecer, por momentos, os reais problemas.
A ida de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, ao Catar só atesta o quanto os políticos se vergam ao futebol. Falam muito do problema dos direitos humanos no Catar. Mas não é preciso ir muito longe. Basta ir a São Teotónio (Alentejo) para se verificar como eles são atropelados todos os dias, e poucos se parecem indignar. O futebol não é um território neutro; nunca foi. Nesse sentido, a política nunca ficou à porta; ela entra pela “casa” dentro. Os meios de comunicação apenas dão visibilidade ao que existe. Tem razão o jornalista Mário Ramires, na sua crónica “Quando a Liberdade passa ao lado” (Nascer do Sol, 26/11/2022), quando refere que “basta atentar ao ridículo dos movimentos de contestação ao Mundial no Catar 2022. / Agora???”."
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