"Aos primeiros sinais a Liga portuguesa promete, pelo menos há de ser melhor que a anterior, o que não é difícil, reconheça-se, tão mal se jogou globalmente. O campeão Sporting não muda de perfil, apesar de ter perdido dois jogadores fundamentais, Nuno Mendes e João Mário. Como esses não tem, ou seja, nessas funções está mais frágil. À esquerda, Vinagre vai fazer o lugar com competência, sobretudo na estrutura habitual (de 1x5x2x3) que o liberta, mas não tem a qualidade exuberante do agora parisiense. A alternativa óbvia é Nuno Santos, também há Matheus Reis, mas não falta já quem fale do miúdo Flávio Nazinho como o Nuno Mendes de 2003. É só ficarmos atentos, que Amorim não treme na hora de lançar miúdos. Para a vaga de João Mário, sendo óbvia a prioridade dada a Matheus Nunes, a equipa perde em critério o que ganha em aceleração. Em jogos mais difíceis de desmontar, perante adversários que escondem melhor os espaços (como aconteceu em Famalicão), nota-se que falta criatividade na dupla Palhinha-Matheus, nascida mais para pressionar que para jogar. Daniel Bragança é a solução mais próxima do agora benfiquista, porque vê mais campo e passa muito melhor, mas nessa zona do campo Amorim já é bem mais conservador que temerário. E há ainda Ugarte, cuja evolução é obviamente prometedora. Onde o leão fica claramente mais forte é nas duas posições em redor do ponta de lança, que Pablo Sarabia está muito acima do que poderiam garantir Jovane, Nuno Santos ou Tiago Tomás. Com Paulinho como referência, o Sporting passa a ter dois jogadores, e não só um (Pedro Gonçalves), que resolvem jogos sozinhos, mesmo que o espaço rareie. Para uma equipa que é curta em criatividade coletiva, pode ser muito mais importante do que parece.
Seguindo a classificação da época anterior, olhemos o Porto, que perdeu – embora poucos o lembrem já – Marega, jogador referência dos últimos anos, fosse no ataque direto à profundidade ou da capacidade para duelos que permitiam à equipa subir metros e cair pressionante sobre o adversário. Por outro lado, voltou a ter um lateral esquerdo de nível internacional, Wendell, passada que foi a onda de ilusão com Zaidu (como foi possível que tantos tenham afirmado que fizera esquecer Alex Telles?), descobriu em casa um lateral direito, João Mário, melhor que os vários que ensaiou em anos sucessivos e ainda recuperou Marcano, o melhor central que tem para construir. Está, por isso, bem melhor na defesa. E também no meio campo, onde se há crise é de fartura. Sem ter perdido ninguém – Sérgio Oliveira, Uribe, Otávio, Luis Díaz, Corona, todos os titulares dos últimos anos – resgatou Vitinha (com tudo para ser jogador de topo, assim jogue) e Bruno Costa, e ainda vê crescer mais dois talentos raros como Fábio Vieira e Francisco Conceição, que reclamam novas oportunidades. Difícil mesmo vai ser gerir os contentamentos e os descontentes. Só no ataque, e apesar da qualidade indiscutível de Taremi, não há fartura idêntica, porque nem Toni Martínez (apesar do excelente arranque) nem Evanilson são herdeiros na linha de um Jackson ou Falcao. Mesmo assim, o plantel é muito forte, Sérgio Conceição vai na quinta época, pelo que toda a ambição é permitida, pelo menos no plano interno.
O Benfica também fortaleceu um plantel que já era forte. Os melhores jogadores que perdeu – talentos como Waldschmidt e Pedrinho – foi porque quis, mas acrescentou qualidade global ao grupo. O lateral/ala direito de qualidade, e que era necessário há anos, chegou finalmente, o austríaco Lázaro, porque André Almeida não tem condições para ser ala e só Diogo Gonçalves seria curto. Gilberto é uma contratação falhada e não há golo feliz que o desminta, apenas ilude. Do lado contrário, Gil Dias ainda não se assumiu como alternativa a Grimaldo mas Nuno Tavares também não era. Meité parece-me a contratação desnecessária, perante a qualidade superior de Weigl e a alternativa (que havia) de Florentino. Gastaram-se uns milhões no jogador que muitos reclamavam para o meio campo encarnado (na eterna ilusão de que a solidez vem do físico) mas que nem constrói jogo com qualidade na posição 6 nem terá capacidade de o transportar como Jesus gosta se jogar a 8. Mas a ver vamos, que a procissão vai no adro e o francês será sempre melhor alternativa que Samaris ou Gabriel, sobrevalorizados durante anos, também pela crítica, ou sobretudo por esta. Qualidade indiscutível acrescentam João Mário, pela lucidez com que torna tudo simples e fluido - custa perceber como foi tão pouco valorizado na época passada -, e Yaremchuk, ponta de lança de qualidade, explosivo quando necessário, mas com uma qualidade técnica que lhe permite maior ligação com os colegas do que conseguiriam, por exemplo, Darwin ou Vinícius. E há ainda Rodrigo Pinho, o menos falado dos reforços, mas que acredito ser o que melhor finaliza entre todos os atacantes das águias, além de uma capacidade de se associar e ligar jogo que nenhum dos outros tem. O problema será o de ter oportunidades continuadas e sem ser forçado a movimentos para os corredores laterais, num elenco onde permanecem Seferovic e Darwin e emerge ainda Gonçalo Ramos. Com Radonjic somado à lista dos extremos, não faltam a Jorge Jesus soluções, de qualidade e quantidade, para jogar na estrutura que lhe apetecer e apresentar qualidade regular, independentemente dos apertos de calendário.
Pela primeira vez em mais de 30 anos, nenhum dos três grandes mudou de treinador, o que anula também as desculpas de desconhecimento do grupo, de início de ciclo e coisas do género. E acrescento o Sporting de Braga, onde também Carlos Carvalhal prossegue e com condições para fazer melhor ainda, assim tenha tempo e paz para isso. Ao Braga voltarei em breve e ao talento acrescentado que pode ter na equipa, como quero ver mais do Vitória de Pepa, que noto ainda indefinido quanto a prioridades de jogo, e das melhores notícias deste início de campeonato: Estoril, Vizela e Boavista, mais um Famalicão que já pareceu coisa diferente diante do Sporting. É sempre assim a cada recomeço. Acredito mesmo que não há momento igual no futebol, quando a esperança renasce, o entusiasmo cresce e todos os sonhos são possíveis. Isto apenas começou."
Este fdgp do Carlos Daniel consegue sempre arranjar só elogios para o fcporko e lagartos, e quase só críticas ao Benfica. Os portos têm um plantel de merda. E os lagartos só têm uma equipa. O resto são os árbitros e a corrupção generalizada a fazer. Diz se este cabrao benfiquista?
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