"Na passada segunda-feira, Carl Nassib tornou-se o primeiro jogador no activo da NFL (campeonato profissional de futebol americano) a assumir ser gay. Nassib é jogador dos Las Vegas Raiders e publicou um vídeo nas redes sociais a partilhar a informação. Disse ele: 'Finalmente sinto-me confortável para tirar isto do meu peito, porque penso que a representatividade e visibilidade são muito importantes'. E acrescentou esperar que 'um dia, este tipo de vídeo deixe de fazer sentido'. Um dia, Carl? Amanhã já é tarde demais para isso.
Estamos em 2021 e ainda há quem olhe para o homossexualidade como um pecado, uma doença ou uma aberração. E quem vá para os estádios e redes sociais insultar outros seres humanos só porque amam de forma diferente da sua. No futebol profissional, no nosso futebol com bola redonda, mais do que assustadora, a realidade é hipócrita. Estima-se que 10% da população mundial seja homossexual, mas não no futebol praticado por homens ao mais alto nível. Aí continua a viver-se na Idade Média - nem lhes passa pela cabeça aceitar que, num plantel de 30 pessoas, pelo menos três atletas sejam gays. Tirando honrosas excepções, não há jogadores que assumam a sua orientação, seja por medo de represálias dos adeptos, dos patrocinadores, dos companheiros de balneário ou dos dirigentes.
Até quando? Provavelmente até ao dia em que um clube de dimensão internacional assuma a causa LGBTQ+ como sua e a defenda como deve ser defendida, colocando-se ao lado dos seus e suas atletas. Outras modalidades já evoluíram nesse sentido, como o rugby, o ténis ou a patinagem. O futebol no masculino continua a fingir que não se passa nada, como se esconder a cabeça na areia fosse a melhor política. Se as instituições não actuam, terão que ser os adeptos a fazerem ouvir-se."
Ricardo Santos, in O Benfica
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