"O corpo de Jonas entendeu que era tempo de arrumar as botas. Comunicou a decisão ao cérebro, que compreendeu a prometeu fazer o possível por convencer o coração de que era chegado o adeus. Foi assim que um talento do campeonato de Valdo ou Ricardo Gomes, Cubillas ou Madjer, Yazalde ou Keita, chegou ao fim da linha. Sem se arrastar, com um título recente, e com a tribo do futebol triste por saber que não voltará a encartar-se com o génio do pistolas, a quem o terceiro anel dedicou múltiplas e justificadas vénias, ao longo dos últimos cinco anos. Restará, aos benfiquistas, a memória de momentos sublimes, que ombrearão com as fintas de Chalana, os remates de Eusébio, a subtileza de Nené, as defesas de Bento e a liderança de Coluna.
Em pleno mercado, Jonas deve servir também para reflectirmos sobre o que é o valor de um jogador de futebol. Em 2014, sem clube, após ter sido dispensado pelo Valência, o pistolas chegou à Luz a custo zero. Valia zero? Um homem é ele a sua circunstância e Jonas adaptou-se, primeiro, à realidade do Benfica, e depois tratou de tornar-se peça decisiva duma engrenagem de sucesso. Ao longo duma carreira em que vestiu doze vezes a camisola do Brasil, Jonas participou em 575 jogos, marcando 293 293 golos e foi o artilheiro do Brasileirão de 2010 e da Liga Portuguesa em 2016 e 2018. Mas não terá sido pela capacidade goleadora que entrou no Hall of Fame de quem gosta de futebol. A intimidade que tinha com a bola, o amor com que a tratava e o carinho que lhe dedicava, plenamente retribuídos, tornavam aquela relação especial, única e irrepetível.
Jonas, foi um prazer ver-te jogar!"
José Manuel Delgado, in A Bola
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