"Não tenho dúvidas em afirmar que os penáltis por “bola na mão” são as faltas mais estúpidas do futebol.
A insólita final da Liga dos Campeões entre duas equipas inglesas apresentava-se como um grande espectáculo em perspectiva. Ambas praticavam um futebol aberto, leal, de ataque. Ambas tinham eliminado colossos do futebol. Seria previsivelmente um jogo com muitos golos.
O que ninguém pensou foi na “terceira equipa”, chefiada por um árbitro esloveno de quem eu nunca ouvira falar. E o senhor vinha com a ideia de inscrever o seu nome na história do jogo. Assim, logo aos 20 segundos (!) assinalou um penálti contra o Tottenham por suposta mão de um defesa.
Ora, a um árbitro não se pede só que saiba as leis - pede-se que tenha bom senso. É esse bom senso que leva muitos, por exemplo, a não mostrarem cartões amarelos nos primeiros minutos de jogo. Mas o senhor marcou mesmo um penálti a abrir a partida, numa mão que era tudo menos clara. A bola bateu no peito do jogador e depois escorregou-lhe pelo braço, que só estava ligeiramente aberto. Foi um lance acidental, numa jogada que não tinha perigo. Mas o senhor esloveno marcou penálti sem sequer ir ver as imagens. E com isso condicionou toda a história do jogo. Vou mesmo mais longe: estragou o jogo.
Uma final que se antevia espectacular foi uma chatice. Um jogo que se antevia com muitos golos só teve esse de penálti e outro já mesmo no fim. O Liverpool passou o jogo a defender o golo madrugador e o Tottenham só demasiado perto do fim se conseguiu encontrar.
Fala-se muito em “verdade desportiva”. Ora estas “mãos” duvidosas adulteram completamente essa verdade, porque transformam lances sem perigo em golos. E dizem que na próxima época ainda será pior: todas as bolas que forem à mão serão punidas. Mas querem matar o futebol? Querem que os jogos passem a decidir-se por penáltis?
As leis devem promover as boas jogadas, os golos de bola corrida, ou os jogos decididos por penáltis duvidosos?
Os braços fazem parte do corpo. E o corpo não é um conjunto de elementos desligados: é um todo harmónico em que os órgãos se movimentam de forma coordenada. Os atletas correm e saltam com as pernas, mas também com o movimento dos braços. Os bailarinos movem-se com constantes movimentos dos braços - e não só por razões estéticas.
Do mesmo modo, os futebolistas correm, rodopiam, saltam mexendo braços e pernas, até para se protegerem em caso de queda. Não se pode exigir-lhes que tenham sempre os braços agarrados ao corpo. Para isso, atem-lhes os braços ao tronco com ligaduras ou cortem-lhes os braços.
Não tenho dúvidas em afirmar que os penáltis por “bola na mão” são as faltas mais estúpidas do futebol. A lei, como era antigamente - em que para ser falta tinha de haver um movimento deliberado do braço ao encontro da bola -, era mil vezes mais justa. E não falseava a verdade desportiva."
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