"Há aspectos muito interessantes quando analisamos a reacção do público num jogo de futebol. Um deles relaciona-se com as alterações no resultado. Se a equipa da sua preferência está em vantagem não há comentários em relação ao número de avançados que a equipa utiliza, mas se se verifica o contrário, sente-se o pedido para que o treinador promova alterações nesse sector. Os adeptos, naturalmente, querem que a sua equipa ganhe, e pensam que por se aumentar o número de avançados se estará mais perto de concretizar esse objectivo. Ora, normalmente a questão está mais relacionada com a capacidade de ter peso na área, o que significa aparecer nesse espaço para finalizar, do que em ter muita gente fixa nessa zona. Esta pequena diferença, que na realidade é uma grande diferença na dinâmica de uma equipa, não é, normalmente, devidamente explicada para um bom entendimento do adepto. Não é o sistema táctico que condiciona, é a dinâmica da própria equipa que provoca esse povoamento, ou não, na zona de finalização. É mais ofensivo o 1:4:4:2, o 1:4:3:3, o 1:3:5:2 ou o 1:3:4:3? Repare-se nas grandes equipas mundiais, de clube ou selecção, da actualidade ou do passado, e concluímos que não foram mais eficazes pela adopção de um ou outro sistema táctico. A dinâmica dessas equipas, e obviamente a qualidade dos intervenientes, foi sempre decisiva para o seu alto rendimento.
Nos dias de hoje, em que os pais estão mais perto no acompanhamento aos filhos que jogam futebol, torna-se cada vez mais importante estabelecer uma relação envolvente e pedagógica, que permita a todos entenderem o jogo de melhor forma.
Não é por se ter muitos avançados que se marcam mais golos. Consegue-se mais vezes esse objectivo quando se surge mais vezes nessa zona do terreno, e com mais elementos para finalizar. Esta dinâmica, e respectivos equilíbrios, são o motivo porque não é necessário ter muita gente lá, é preciso surgir lá... na área."
José Couceiro, in A Bola
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