"Foi a mais carismática senha do 25 de Abril, era uma canção de protesto, falava de fraternidade, de igualdade, de vontade, em tempos difíceis tempos cruéis, com uma ditadura de feição rural e prática obsessiva, ainda que agonizante nos seus anos terminais. "Grândola Vila Morena", de José Afonso, está de regresso à ribalta.
Cada vez que um ministro sai do gabinete, cada vez que participa numa sessão pública, povo descontente entoa a canção, sinónimo de protesto numa sociedade desumanizada, ademais com governantes que se mostram incapazes de reabilitar o País, ao invés acentuam as desigualdades, os desequilíbrios, contribuem para uma verdadeira e dolorosa depressão nacional.
Num mero exercício mental, há dias, lembrei-me do que seria se os associados e simpatizantes do Benfica, na Luz ou noutros recintos desportivos, decidissem cantar "Grândola Vila Morena", nos últimos trinta anos, sempre que a nossa equipa foi vítima de injustiças.
Já se percebeu o que teria acontecido? O tema seria repetido até à exaustão, tantas foram, nesse período, os atentados à verdade desportiva, perpetrados nos campos ou nos corredores institucionais da bola.
Nunca se cantou "Grândola Vila Morena"? Oportunidades não faltaram.
Pior ainda, oportunidades continuam a não faltar. Só recentemente, a memória regista, há dois anos, a forma como o Benfica, no início da Liga, foi empurrado para a desilusão.
A memória regista, na temporada passada, a forma como o Benfica, numa fase capital, foi prejudicado ao ponto de hipotecar as suas possibilidades na reconquista do Campeonato.
A memória regista, já esta época, desempenhos arbitrais, com o Sporting de Braga em casa e com a Académica fora, a título de exemplo, jogos bastantes para podermos dizer que somos os líderes morais da competição.
E para cantarmos, cobertos de razão, "Grândola Vila Morena"..."
João Malheiro, in O Benfica
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