"O Benfica é a única força em Portugal que pode anular ou amenizar o poder que a Olivedesportos conquistou no futebol português -- e a notícia de que a Benfica TV adquiriu os direitos de transmissão da Premier League para transmitir os jogos da Liga inglesa nas próximas três épocas enquadra-se numa estratégia que pode abalar as fundações que sustentam o ‘edifício político-administrativo’ do futebol português. Nada será como dantes.
A notícia surge, em dia de aniversário do emblema encarnado, no seguimento das promessas realizadas por Luís Filipe Vieira nas últimas eleições que o reconduziram à presidência do Benfica e após as recentes declarações do presidente da Liga, Mário Figueiredo, que vem alertando para o cerco que se montou em seu redor desde que se revelou contra o monopólio das transmissões televisivas em Portugal.
Mário Figueiredo tocou na ferida, que já havia sido aberta pelo Benfica. Não está nem nunca esteve em causa o mérito que se reconhece a quem construiu o monopólio. Esse mérito representa o demérito dos principais agentes desportivos do futebol em Portugal. Esse mérito construiu-se à base das demissões que se estabeleceram no seio dos clubes e perante a entrada de dinheiro fácil e imediato, quase sempre em forma de antecipação de receitas.
O problema não está nem nunca esteve na fulanização do negócio nem na patética diabolização da Olivedesportos. O problema reside no bloqueio absoluto que se assiste em redor desse monopólio, com graves implicações na verdade desportiva. Nos clubes, na Federação, nas relações com o Estado, na comunicação social, em tudo. Um bloqueio grave, que inviabilizou o diálogo e excomungou, até, os ‘não olivedesportistas’, em nome da integridade do ‘império’.
Nos clubes, a dependência e as posições societárias estrangularam a capacidade de marcar posições em muitos tabuleiros.
Na FPF, os seleccionadores nacionais e os presidentes da FPF nunca puderam avançar ou sentirem-se minimamente confortáveis sem o apoio da Olivedesportos. Nas relações com o Estado, o dinheiro também tem falado mais alto.
A existência de novos ‘players’ promete iniciar um ciclo de democratização do futebol para se acabarem com os inacreditáveis abusos da ‘posição dominante’.
O que está em causa -- e este acordo que envolve o canal de televisão do Benfica e a Premier League denuncia -- é uma reviravolta paradigmática não apenas no modelo de negócio a envolver os direitos televisivos, mas sobretudo o anúncio de uma ‘nova ordem’ para o futebol nacional, que só um clube com a força (comercial) comparável à do Benfica poderia desencadear.
Estamos perante uma ‘guerra’, Joaquim Oliveira quererá fazer valer os seus ‘argumentos’, mas, a partir daqui, nada será como dantes. O Benfica força a queda do ‘império’ e agora deu um sinal claro que não há marcha-atrás possível.
JARDIM DAS ESTRELAS
O Real Madrid fez um grande jogo em Barcelona: colectiva e tacticamente.
Mourinho promete ‘vingar-se’ perante todos aqueles que contestaram e lhe diminuíram as capacidades, através de um final de época ‘em grande’, muito dependente daquilo que conseguir fazer na ‘Champions’, já a partir de terça-feira, em Manchester, onde acredito que consiga derrubar o United.
O CACTO
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, afirmou que o Estado paga milhões de euros pela segurança fora dos estádios de futebol, mas algo está a falhar provavelmente nas polícias ou na coordenação entre elas, não apenas por aquilo que veio dizer o presidente do V. Guimarães, Júlio Mendes, sobre o que aconteceu no recente jogo com o Sp. Braga (‘BB’), mas também pelos danos provocados no autocarro do Benfica, que foi atingido sob um viaduto no seu regresso a Lisboa. Independentemente da lei, da sua aplicação ou revisão, interessa um olhar mais atento e responsável sobre o fenómeno. Sem contemplações para os prevaricadores.
TEMPO EXTRA
FC Porto visita hoje Alvalade, com 30 (!!!) pontos de vantagem sobre o adversário -- uma diferença apenas justificada pelo caos que tomou conta do ‘futebol do Sporting’ não apenas na presente época mas também nas últimas temporadas. Um jogo importante para as contas do título, uma vez que para o FC Porto -- até em razão dessa vantagem pontual -- só a vitória importa.
Um jogo que coloca Jesualdo Ferreira, ex-treinador do FC Porto e tricampeão, na rota dos azuis e brancos. Um jogo que coloca os ex-leões Varela (potencial titular) e Izmailov (preterido por James?) e ainda Liedson (suplente) na rota dos verde e brancos. Um jogo que só não coloca a ‘maçã podre’ (Moutinho) de novo em Alvalade por causa de uma lesão inesperada. Um jogo que desencadeou declarações dos três candidatos à presidência do Sporting em torno de subserviências e... ‘intrusos’. Onde começa e acaba a ‘independência’ dos ‘leões’? A dependência financeira estende-se à dependência desportiva? Quem devem ser, no pós-eleições’, os parceiros preferenciais do Sporting?
Quem está mesmo ‘em grande’ é Cristiano Ronaldo, que desta vez não deu a mínima hipótese no seu confronto directo com... Messi.
Tardou a reconhecer mas na realidade, não obstante o valor de outros, o Real depende muito de Cristiano Ronaldo. Sempre igual, ao mais alto nível, durante toda a época. Brutal!"
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