"Pelos vistos, a UEFA está mesmo empenhada em levar a sério a instituição do fair play financeiro com o objectivo, segundo ela, de assegurar a equidade competitiva e a verdade desportiva. Não lhe basta impor aos clubes que a partir de 2014 as despesas não ultrapassem as receitas, agora quer também impedi-los de partilhar os direitos económicos dos jogadores com fundos de investimento, empresários ou outras entidades. Neste campo, de facto, de facto, há demasiados abusos e todas as medidas que venham no sentido de as limitar são bem-vindas. Os empréstimos a título gratuito ou mesmo oneroso são outro artifício que promove a concorrência desleal. Mas uma coisa são os abusos e outra bem diferente a racionalidade na gestão das sociedades desportivas. Não compreendo nem aceito que um clube não possa partilhar o passe de um jogador desde que possua uma percentagem de mais de 50 por cento. O futebol é um negócio e a UEFA sabe mais disso do que ninguém. De resto, o sistema está tão difundido em toda a Europa e envolve tantos interesses que não vejo como é que Platini vai contornar as dificuldades sem entrar em guerra aberta com os clubes. E - pergunto - tem a UEFA competência legal para ir tão longe?
Guerra por guerra, se Platini pretende realmente, ao arrepio dos tempos, moralizar o futebol, porque não afronta antes os poderosos emires do golfo pérsico ou os vários Abramovichs que ameaçam apropriar-se de todos os grandes clubes e se borrifam para a paridade de contas que ele tanto leva a peito? Mesmo que os clubes daqueles magnatas acumulem perdas, há sempre forma de os riscar do balanço através do patrocínio de uma das suas empresas ou da sua própria conta bancária."
Manuel Martins de Sá, in A Bola
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