"Todos os anos centenas de novos jogadores são inscritos pela primeira vez na Primeira Liga, gerando entusiasmo considerável junto dos adeptos. Infelizmente, no entanto, muitos acabarão por partir pela porta do cavalo, gorando as expectativas neles depositadas.
Olhemos para o caso do Everton 'Cebolinha', jogador que se prepara para deixar o Benfica depois de duas épocas muito aquém daquilo que era esperado. Everton, que era titular frequente da selecção brasileira e deslumbrava no Brasileirão, tinha tudo para ser uma das contratações mais marcantes das últimas décadas. Dentro de campo, contudo, nunca demonstrou tiques de vedeta, chegando até a sacrificar-se em prol da equipa ao jogar fora de posição quando tal era necessário. No entanto, as suas contribuições foram, no mínimo, inconsequentes, selando um desfecho que seguramente não satisfaz nenhum dos envolvidos.
Como pode então ser explicado este fracasso? Em pleno século XXI, a nossa compreensão da performance de um atleta tem de ir para além da sua contribuição dentro das quatro linhas. Quando o problema não aparenta ser um défice de talento nem de condição física, há que olhar então para a saúde mental do atleta.
A reacção do adepto mais insensível a este tema costuma passar pelo mesmo raciocínio: dado o elevado salário dos jogadores, que aparentam estar a cumprir o conho que tantos de nós acalentámos ao longo da nossa infância, como é que estes ousam queixar-se? Ora, da mesma forma que um mau período na vida pessoal de qualquer um de nós pode, direta ou indiretamente, afectar a nossa vida laboral, também um jogador é um ser humano com família e amigos, alegrias e preocupações. Aliás, segundo um estudo recente da FIFAPro, 33% dos jogadores no ativo sofrem de perturbações no sono, 18% manifestam sinais de stress e 43% apresentam ansiedade ou sinais de depressão.
Apesar das criticas de Isa Renieri, mulher de Everton, o Benfica já prima por um grau de profissionalismo bastante acima da média neste capítulo, auxiliando os atletas e as suas famílias durante o processo de acolhimento e integração. O clube disponibiliza apoio psicológico constante, não restrito apenas à performance desportiva. Ainda assim, este caso Everton demonstra que ainda existe um longo caminho para percorrer e que não podemos continuar a menosprezar a questão do desgaste psicológico dos atletas profissionais."
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