"Saraiva alcançou uma vitória que havia muito que procurava
Os pontos discutidos nos jogos do Campeonato Nacional são sempre os mesmos, indiferentemente dos clubes que se defrontem. No entanto, há partidas que, pelo histórico das equipas ou pelas rivalidades, se tornam mais apelativas. E um Benfica - Sporting é um crónico encontro que 'na demanda do título tem as funções de supremo tribunal'. Dias antes, todas as conversas desembocam no jogo entre encarnados e verdes e brancos, e até os que por norma não acompanham as incidências do futebol ficam interessados. Para os jogadores também é uma partida especial, não só pelo ambiente como também pelos efeitos psicológicos que o resultado pode exercer. Uma vitória pode catapultar a equipa em termos anímicos para o resto da temporada, enquanto uma derrota pode ter efeitos devastadores, tanto pelos pontos que não foram ganhos como por terem sido inferiores aos rivais dentro de campo.
Para Saraiva, a partida da 9.ª jornada do Campeonato Nacional 1960/61 tinha contornos ainda mais especiais. Contratado na época anterior ao Caldas, o defesa procurava ainda estabelecer-se na equipa de honra dos benfiquistas e, de regresso ao onze, encarava o encontro como uma oportunidade de ouro. Uma boa exibição frente aos sportinguistas poderia convencer Béla Guttmann de que se tratava de um atleta fiável para partidas de grau de dificuldade elevado. Para o conseguir, Saraiva, apesar de estar a disputar a sua 5.ª época a I Divisão do Campeonato Nacional, teria de fazer algo que para si seria inédito: vencer o Sporting.
O jogador destacava-se pela sua resiliência, espírito combativo e por colocar os objectivos da equipa à frente dos seus. Frente aos leões, mesmo jogando fora de posição, a médio, foi 'de uma eficácia, insuperável'. Com a tarefa de anular Fernando, 'o jogador benfiquista cumpriu brilhantemente a sua missão, pois não nos lembramos de ter visto o magnífico interior leonino passar tão despercebido como ontem'.
O Benfica venceu por 1-0, e Saraiva, no final do encontro, era um homem feliz, regozijando-se: 'Matei o borrego'. A alegria repercutia-se pelas bancadas do estádio, e, a saber do comentário do jogador, respondeu-me com humor: 'matou o borrego e ia matando o peru... ano, a certa altura', fazendo alusão a um lance com Seminário.
A vitória frente ao Sporting não seria o único feito que iria alcançar nessa temporada, colaborando para a inédita conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Saiba mais sobre o carreira deste jogador na área 22 - De Águia ao peito, no Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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